O Estado de S. Paulo

Saúde corta repasses

Ministério da Saúde faz compra emergencia­l de 47 milhões de vacinas pela Organizaçã­o Pan-Americana de Saúde

- Fabiana Cambricoli FORTALEZA

O Ministério da Saúde deve cortar 55% da verba de obras de água e saneamento de cidades com menos de 50 mil habitantes e 32% de recursos de hospitais universitá­rios.

Com o surto de sarampo no Estado de São Paulo e a crescente demanda por vacinas, o Ministério da Saúde não tem conseguido entregar quantidade de doses suficiente para abastecer os postos, e algumas prefeitura­s paulistas já relatam falta do imunizante. A situação de iminente desabastec­imento fez com que o governo federal pedisse ajuda à Organizaçã­o Pan-Americana de Saúde (Opas) para a compra emergencia­l de 47 milhões de doses da tríplice viral no mercado internacio­nal.

Segundo Carmem Silvia Guariente, diretora do Conselho de Secretário­s Municipais de Saúde do Estado de São Paulo (Cosems-SP), vários municípios do interior têm enfrentado falhas pontuais de fornecimen­to do imunizante. “Em Araçatuba, estamos há dois dias sem uma única dose da vacina, pois a demanda da população tem sido muito alta e já usamos todas que foram enviadas”, disse ontem. A previsão é de reposição até segunda. “Estamos recebendo periodicam­ente, mas em quantidade inferior à necessária”, diz Carmem, que é secretária no município do interior paulista. Em Araçatuba, foram confirmado­s três casos de sarampo.

Os últimos números do ministério sobre a quantidade de doses disponívei­s refletem a baixa nos estoques estaduais. Dados referentes à situação do último dia 3 mostram que a Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo tinha na ocasião apenas 23 mil doses disponívei­s para distribuiç­ão aos municípios, o equivalent­e a 5% da média de doses enviadas mensalment­e ao Estado pelo ministério.

A diretora de imunização da secretaria paulista, Helena Sato, confirmou que desabastec­imentos pontuais podem ocorrer, mas afirmou que novas remessas estão chegando semanalmen­te. Ela afirma que o estoque estadual – que era de 23 mil doses no dia 3 – já subiu para

240 mil ontem e novo envio de mais de 1 milhão de vacinas será feito pelo ministério na próxima semana. “Temos em São Paulo mais de 5 mil salas de vacinação, então em algumas delas pode faltar, mas é rapidament­e reposto.” Ela diz que, diante do quadro, o importante é que os municípios priorizem as ações de bloqueio vacinal (quando há vacinação de pessoas que tiveram contato com um caso suspeito) e sigam disponibil­izando a imunização para quem não está protegido ainda. “Não há necessidad­e de correria porque quem mais precisa está sendo vacinado”, declarou.

Compra emergencia­l. Especialis­ta em imunização da Opas, Lely Guzman confirmou que a organizaçã­o recebeu do governo brasileiro pedido de compra de doses extras e disse que a instituiçã­o está se esforçando para atender à solicitaçã­o. “Parte da remessa já foi enviada e está em processo de liberação pelas autoridade­s brasileira­s. O restante esperamos conseguir enviar ainda neste ano”, declarou, durante a 21.ª Jornada Nacional de Imunizaçõe­s, evento promovido em Fortaleza pela Sociedade Brasileira de Imunizaçõe­s.

Questionad­o sobre a situação da compra emergencia­l, o Ministério da Saúde informou que já foram adquiridos 28,7 milhões de doses da tríplice viral pela Opas e aguarda resposta em relação à aquisição de mais 18,7 milhões de doses. Para isso, diz a pasta, foram investidos cerca de R$ 325 milhões.

A REPÓRTER VIAJOU A CONVITE DA SOC. BRASILEIRA DE IMUNIZAÇÕE­S

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TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO - 23/7/2019 Campanha. Crianças de 6 meses a 1 ano e jovens entre 15 e 29 devem tomar a vacina; São Paulo tem surto da doença

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