Polícia Federal prende ex-deputado Indio da Costa.
Prisão preventiva foi autorizada na operação Postal Off, que apura suposto esquema que teria causado prejuízo de R$ 13 mi nos Correios
A Polícia Federal prendeu ontem, no Rio, o ex-deputado federal Indio da Costa (sem partido) durante a Operação Postal Off, que investiga suposto esquema que teria causado prejuízo de R$ 13 milhões à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. O ex-deputado foi preso preventivamente e transferido à noite para um presídio na zona norte do Estado.
Indio foi candidato a vice-presidente em 2010 na chapa encabeçada pelo hoje senador José Serra (PSDB-SP). Ele também concorreu à prefeitura do Rio em 2016 e ao governo fluminense em 2018. Na Câmara dos Deputados, se destacou como relator de um grupo de trabalho da Lei da Ficha Limpa.
Ao todo foram cumpridos 12 mandados de prisão e 25 de busca e apreensão em três Estados – Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. As ordens foram expedidas pela 7.ª Vara Federal de Florianópolis. Na capital fluminense, a PF também prendeu o superintendente estadual de Operações dos Correios, Cléber Isaías Machado.
Em São Paulo a ação foi realizada nos municípios de Tamboré, Cotia, Bauru e São Caetano. A PF não divulgou os nomes dos demais alvos para não atrapalhar as investigações, segundo a corporação.
A Justiça determinou ainda o bloqueio de R$ 40 milhões das contas e bens dos investigados, incluídos carros de luxo e duas embarcações – uma delas é um iate avaliado em R$ 3 milhões.
A investigação da Polícia Federal, que teve início em Santa Catarina em novembro de 2018, apurou que um grupo criminoso, com a participação de funcionários dos Correios, fazia com que grandes cargas postais fossem distribuídas no fluxo postal sem faturamento ou com faturamento muito inferior ao real.
De acordo com investigadores, um dos principais modos de atuação dos alvos da operação Postal Off era identificar e procurar grandes clientes dos Correios para fazer uma oferta: que eles rompessem seus contratos com a empresa pública e passassem a ter suas encomendas postadas pelas empresas do grupo criminoso.
“As grandes empresas que necessitam desse serviço de postagem – entrega de faturas, documentos em geral – têm um volume muito grande de correspondências. Elas precisam de empresas que façam a produção, a preparação de postagem e entrega no Correio, para que entre no fluxo postal”, afirmou o delegado Christian Luz Barth, da Polícia Federal em Santa Catarina, em entrevista coletiva após a operação. “Eles tinham várias formas de burlar, às vezes com a ajuda de funcionários dos Correios, e colocavam no fluxo postal sem pagamento.”
A investigação identificou ainda solicitações e pagamentos de vantagens indevidas envolvendo empresários, funcionários públicos e agentes políticos. Segundo a PF, os investigados poderão ser indiciados pelos crimes de corrupção passiva e ativa, concussão, estelionato, crimes tributários, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa.
Dados preliminares da PF apontam que o suposto prejuízo causado pelo grupo criminoso, de R$ 13 milhões, se refere apenas às postagens ilícitas já identificadas, “não computado o prejuízo diário que estava sendo causado pelo grupo investigado”, diz a PF.
A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos é uma das estatais consideradas prioritárias pelo governo Jair Bolsonaro para serem privatizadas.
Defesas. A reportagem entrou em contato com as defesas do ex-deputado Indio da Costa e do superintendente estadual de Operações dos Correios no Rio, Cléber Isaías Machado, mas não obteve resposta até a conclusão desta edição.
“Com relação aos mandados cumpridos pela Polícia Federal na manhã desta sexta-feira (6), em São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Minas Gerais, os Correios informam que estão colaborando plenamente com as autoridades. A empresa permanecerá contribuindo com as investigações para a apuração dos fatos. Os Correios reafirmam o seu compromisso com a ética, a integridade e a transparência”, afirmou os Correios em nota.