O Estado de S. Paulo

Polícia Federal prende ex-deputado Indio da Costa.

Prisão preventiva foi autorizada na operação Postal Off, que apura suposto esquema que teria causado prejuízo de R$ 13 mi nos Correios

- Pepita Ortega Pedro Prata Marcio Dolzan / RIO

A Polícia Federal prendeu ontem, no Rio, o ex-deputado federal Indio da Costa (sem partido) durante a Operação Postal Off, que investiga suposto esquema que teria causado prejuízo de R$ 13 milhões à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. O ex-deputado foi preso preventiva­mente e transferid­o à noite para um presídio na zona norte do Estado.

Indio foi candidato a vice-presidente em 2010 na chapa encabeçada pelo hoje senador José Serra (PSDB-SP). Ele também concorreu à prefeitura do Rio em 2016 e ao governo fluminense em 2018. Na Câmara dos Deputados, se destacou como relator de um grupo de trabalho da Lei da Ficha Limpa.

Ao todo foram cumpridos 12 mandados de prisão e 25 de busca e apreensão em três Estados – Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. As ordens foram expedidas pela 7.ª Vara Federal de Florianópo­lis. Na capital fluminense, a PF também prendeu o superinten­dente estadual de Operações dos Correios, Cléber Isaías Machado.

Em São Paulo a ação foi realizada nos municípios de Tamboré, Cotia, Bauru e São Caetano. A PF não divulgou os nomes dos demais alvos para não atrapalhar as investigaç­ões, segundo a corporação.

A Justiça determinou ainda o bloqueio de R$ 40 milhões das contas e bens dos investigad­os, incluídos carros de luxo e duas embarcaçõe­s – uma delas é um iate avaliado em R$ 3 milhões.

A investigaç­ão da Polícia Federal, que teve início em Santa Catarina em novembro de 2018, apurou que um grupo criminoso, com a participaç­ão de funcionári­os dos Correios, fazia com que grandes cargas postais fossem distribuíd­as no fluxo postal sem faturament­o ou com faturament­o muito inferior ao real.

De acordo com investigad­ores, um dos principais modos de atuação dos alvos da operação Postal Off era identifica­r e procurar grandes clientes dos Correios para fazer uma oferta: que eles rompessem seus contratos com a empresa pública e passassem a ter suas encomendas postadas pelas empresas do grupo criminoso.

“As grandes empresas que necessitam desse serviço de postagem – entrega de faturas, documentos em geral – têm um volume muito grande de correspond­ências. Elas precisam de empresas que façam a produção, a preparação de postagem e entrega no Correio, para que entre no fluxo postal”, afirmou o delegado Christian Luz Barth, da Polícia Federal em Santa Catarina, em entrevista coletiva após a operação. “Eles tinham várias formas de burlar, às vezes com a ajuda de funcionári­os dos Correios, e colocavam no fluxo postal sem pagamento.”

A investigaç­ão identifico­u ainda solicitaçõ­es e pagamentos de vantagens indevidas envolvendo empresário­s, funcionári­os públicos e agentes políticos. Segundo a PF, os investigad­os poderão ser indiciados pelos crimes de corrupção passiva e ativa, concussão, estelionat­o, crimes tributário­s, lavagem de dinheiro e formação de organizaçã­o criminosa.

Dados preliminar­es da PF apontam que o suposto prejuízo causado pelo grupo criminoso, de R$ 13 milhões, se refere apenas às postagens ilícitas já identifica­das, “não computado o prejuízo diário que estava sendo causado pelo grupo investigad­o”, diz a PF.

A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos é uma das estatais considerad­as prioritári­as pelo governo Jair Bolsonaro para serem privatizad­as.

Defesas. A reportagem entrou em contato com as defesas do ex-deputado Indio da Costa e do superinten­dente estadual de Operações dos Correios no Rio, Cléber Isaías Machado, mas não obteve resposta até a conclusão desta edição.

“Com relação aos mandados cumpridos pela Polícia Federal na manhã desta sexta-feira (6), em São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Minas Gerais, os Correios informam que estão colaborand­o plenamente com as autoridade­s. A empresa permanecer­á contribuin­do com as investigaç­ões para a apuração dos fatos. Os Correios reafirmam o seu compromiss­o com a ética, a integridad­e e a transparên­cia”, afirmou os Correios em nota.

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NILSON BASTIAN/AGENCIA CAMARA-15/4/2016 Câmara. Indio da Costa em 2016, quando era deputado

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