Alta do dólar deve impactar dívidas das empresas no terceiro trimestre
A desvalorização do real frente ao dólar neste terceiro trimestre vai influenciar os resultados das empresas no período. Se por um lado, as receitas das exportadoras se beneficiam do movimento, por outro empresas que possuem dívidas em moeda estrangeira podem sentir o peso da alta recente da divisa norte-americana.
Ao final do segundo trimestre, o dólar estava cotado em R$ 3,84, e neste início de setembro, opera próximo de R$ 4,10, tendo chegado ao pico de R$ 4,18 na última segunda-feira (02).
Ricardo Peretti, estrategista de pessoa física do Santander, lembra que as companhias aéreas têm aproximadamente 90% de sua dívida líquida em dólar, e isso deve provocar ajustes nos resultados.
“A CVC, que possui parcela de suas vendas referente a destinos internacionais, também deve mostrar desejo menor dos consumidores para esse tipo de viagem. Por fim, a Sabesp, que possui cerca de 50% da sua dívida em moedas estrangeiras, incluindo o dólar, também sofrerá alguma marcação a mercado negativa em seu próximo balanço trimestral”, explica Peretti.
Pedro Galdi, analista da Mirae Asset, ressalta que a cotação que corrige as dívidas em dólar será a do último dia de setembro, portanto a situação real das empresas com dívidas denominadas na moeda só será conhecido ao final do mês.
André Silva, da MyCap, acredita que a volatilidade cambial vai continuar enquanto não houver definições mais claras sobre a guerra comercial entre China e Estados Unidos, e sobre a saída do Reino Unido da União Europeia, conhecida como Brexit.
Ele cita, além das exportadoras, os segmentos de madeira e papel que poderão ter seus números do terceiro trimestre ajustados positivamente por conta da alta do dólar.
O analista da Nova Futura Investimentos, Alexandre Faturi, acredita que essa alta do dólar pode compensar a recente queda nas cotações das commodities.
Luis Sales, analista da Guide Investimentos, cita os segmentos de proteínas, petróleo, minério de ferro e papel e celulose como aqueles que devem ter impactos positivos do movimento cambial verificado de agosto para cá. Negativamente, ele aponta também as empresas com dívidas em dólar. “Contudo, vemos um impacto limitado para as empresas no curto prazo, já que a maioria das companhias já possuem proteção (hedge) em dólar para esse ano, tanto para as receitas quanto para as dívidas”.
Nas carteiras recomendadas, a Guide fez uma alteração em relação à semana passada, retirando IRB ON e inserindo Telefônica Brasil PN. A corretora afirma que a tele permanece atrativa, especialmente levando-se em conta os dividendos, com remuneração aos acionistas de 40% a 50%. A Guide ressalta ainda que a ação está descontada.
A Terra Investimentos também fez uma mudança, colocando Marfrig ON. A corretora destaca que o surto de peste suína africana na China favorece as exportações da companhia.
A Mirae fez duas alterações na sua carteira, com as entradas de B3 ON e Via Varejo ON. A MyCap fez três mudanças, com as inserções de Hapvida ON, BB ON e IRB ON. A Nova Futura também mudou três ações, colocando CSN ON, Grendene ON e Ultrapar ON.
Por fim, o Santander também realizou três alterações em sua carteira, com as entradas de Azul PN, Vale ON e Rumo ON.