O Estado de S. Paulo

Brasil assina acordo sobre veículos com Argentina

Pacto automotivo selado com vizinhos prevê livre-comércio no setor em 2029

- Vinicus Neder Mariana Durão / RIO COLABOROU ANDRÉ ÍTALO ROCHA

Os governos do Brasil e da Argentina assinaram ontem o novo acordo automotivo que prevê a liberaliza­ção do comércio de veículos entre os dois países em dez anos. Como antecipou o Estadão/Broadcast, a cota exportada pelo Brasil sem tarifa será elevada de imediato e subirá gradualmen­te até que os dois países alcancem o livre-comércio, em 2029. A perspectiv­a é a de que o novo pacto facilite decisões de investimen­tos de montadoras e iniba a guerra fiscal entre os Estados, disse o ministro da Economia, Paulo Guedes.

Guedes, e o ministro de Produção argentino, Dante Sica, comemorara­m o novo passo para a integração comercial dos dois países. Minimizand­o a perspectiv­a de uma vitória da chapa de oposição ao governo Macri como catalisado­r do novo pacto, ambos destacaram os efeitos positivos do acerto ao dar previsibil­idade ao setor e facilitar decisões de investimen­to para as montadoras.

“Após décadas de substituiç­ão de importaçõe­s, finalmente decidimos abrir a economia”, disse Guedes em entrevista coletiva no Rio. A decisão estratégic­a do governo é por uma abertura gradual, porém segura, com acordos bilaterais cada vez mais abrangente­s, afirmou, citando negociaçõe­s em curso com México e Estados Unidos.

A cota de veículos e autopeças que o Brasil exporta para a Argentina vai de US$ 1,50 para cada US$ 1 importado do país vizinho, como é hoje, para US$ 1,70 por US$ 1 importado, já em 2020. Após o primeiro aumento, o ajuste no sistema de cotas de exportação de carros sem tarifa no acordo automotivo será realizado a partir de julho do ano que vem, a cada dois anos.

A partir de 1.º de julho de 2029 as cotas terminam e a tarifa cai a zero para o comércio de veículos entre os dois países, sem nenhuma condiciona­lidade.

O novo acordo automotivo reduz a exigência mínima de conteúdo regional de 60% para 50%. Também haverá cotas máximas de unidades para carros híbridos e categorias premium.

Outro objetivo do acordo é inibir a guerra fiscal entre as províncias argentinas e os Estados brasileiro­s por investimen­tos. Isso porque quem usar subsídios perderá a preferênci­a dentro do acordo. Montadoras. O acordo terá efeito prático nulo no primeiro ano, em razão da crise argentina. Mesmo assim, o estabeleci­mento de uma transição gradual até o mercado livre e o fato de haver um período de vigência mais longo em relação aos acordos anteriores agradaram às montadoras, que veem tempo suficiente para o setor se preparar e planejar investimen­tos.

“Eu pedi tanto aos governos para, seja qual fosse o acordo, que fosse de oito ou dez anos, pois dá previsibil­idade para investir”, disse o presidente da Volkswagen para América do Sul e Caribe, Pablo Di Si.

O vice-presidente da Ford para a América do Sul, Rogelio Golfarb, lembrou que os acordos anteriores eram assinados por períodos mais curtos./

 ?? MARCELO SAYÃO/EFE ?? Sem tarifa. Ministros Guedes e Sica ontem em evento que fechou acordo
MARCELO SAYÃO/EFE Sem tarifa. Ministros Guedes e Sica ontem em evento que fechou acordo

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil