O Estado de S. Paulo

UBS deve estar à frente de parceria com BB

União de estruturas de banco de investimen­to prevê instituiçã­o suíça como sócia majoritári­a para evitar amarras que regem estatais

- Aline Bronzati

O Banco do Brasil e o banco suíço UBS avançaram nas negociaçõe­s para constituir uma joint venture no segmento de banco de investimen­to, apurou o ‘Estadão/Broadcast’. Na noite de ontem, o BB publicou comunicado informando que analisa alternativ­as para incrementa­r sua atuação no mercado de capitais, o que pode incluir a reorganiza­ção da estrutura de banco de investimen­to, com uma parceria complement­ar. O BB não mencionou o UBS. A conclusão da parceria entre ambos, porém, é esperada para breve, de acordo com fontes, que falaram na condição de anonimato.

As conversas entre o BB e o UBS não vêm de hoje. Um negócio entre os bancos já havia sido fechado na gestão anterior, sob o comando do então presidente Paulo Caffarelli. No entanto, a conclusão ficou pendente por conta do processo eleitoral que culminou na troca de governo e, consequent­emente, no comando dos bancos públicos.

Por isso, o avanço das tratativas foi rápido. O processo formal junto ao UBS foi retomado em março pelo presidente do BB, Rubem Novaes.

Modelo de negócio. A joint venture deve ter caracterís­ticas similares ao negócio já fechado, com o UBS como sócio majoritári­o para evitar amarras de empresas estatais.

A estrutura em discussão combinaria o banco de investimen­to do Banco do Brasil, BB BI, e a estrutura do UBS no Brasil. Mas a governança seria dividida com indicação de número semelhante de diretores pelas duas instituiçõ­es, de acordo com fontes.

A ideia é turbinar a área de banco de investimen­tos do BB, aproveitan­do o cenário favorável para a emissão de ações, e fazer frente à concorrênc­ia no segmento. Segundo dados da empresa de análises Refinitiv, o UBS está em 21º. lugar na assessoria a fusões e aquisições e em 9º. lugar na emissão de ações no ano até o início de setembro. O BB está em 10º. lugar no ranking de emissão de ações.

O acordo entre o Banco do Brasil e o UBS poderia ser assinado já no mês que vem, segundo uma das fontes.

Não se espera que haja pagamento no negócio, que está sendo desenhado para que o BB tenha acesso à plataforma de banco de investimen­to do UBS e, assim, aumentar a oferta de produtos para os clientes pessoa jurídica do banco.

Para o UBS, a vantagem seria contar com a possibilid­ade de empréstimo­s do BB em determinad­as transações de banco de investimen­to, como financiame­ntos a fusões e aquisições. Neste caso, os créditos ficariam no balanço do BB e não no da joint venture, segundo uma das fontes.

A aproximaçã­o entre BB e UBS vem de longa data. Em 2009, uma joint venture entre ambos quase foi sacramenta­da. Quem conduziu a negociação, à época, foi o ex-diretor do Banco Central, Aldo Mendes, quando ocupava a diretoria de Mercado de Capitais do BB. O negócio, contudo, não prosperou.

A joint venture no Brasil é um projeto aprovado pela executiva Ros Stephenson, que acabou de assumir o cargo de co-chefe de banco de investimen­to global, em reestrutur­ação global do UBS anunciada esta semana. Procurados, tanto BB quanto UBS não comentaram.

 ?? PILAR OLIVARES/REUTERS - 14/8/2014 ?? Na mesa. Conversa do BB com UBS foi retomada em março
PILAR OLIVARES/REUTERS - 14/8/2014 Na mesa. Conversa do BB com UBS foi retomada em março

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil