O Estado de S. Paulo

Operadoras querem deixar carro velho inteligent­e

Um mês depois de a Claro fazer parceria com a GM, Vivo lança dispositiv­o que dá a passageiro­s internet móvel e lê dados do veículo

- Mônica Scaramuzzo

Com menos gente conversand­o pelo telefone – e mais objetos trocando informaçõe­s e dados entre si –, as operadoras têm buscado prestar serviço em outras áreas. Inclusive nos carros, com a tendência crescente de internet das coisas. Um mês depois de a Claro anunciar uma parceria com a Chevrolet para deixar o Cruze conectado, é a vez de a Telefônica Vivo trazer um produto mais ambicioso ao mercado.

Maior operadora de telefonia móvel no País, a Vivo vai lançar até o fim do mês o serviço que pretende tornar os carros usados mais inteligent­es. O dispositiv­o, que já está disponível na Espanha, poderá ser adquirido por qualquer consumidor, não só clientes da operadora.

Instalado em carros fabricados a partir de 2010, o Vivo Car, permitirá compartilh­ar a conexão para todos os passageiro­s do veículo. Com um aplicativo instalado no celular, também tornará disponívei­s informaçõe­s em tempo real sobre o automóvel, apontando desde possíveis falhas mecânicas ou elétricas a planejamen­to de revisões e alertas de segurança ao motorista. Avisará ainda pelo celular dos usuários cadastrado­s se ele foi ligado, desligado, se ultrapasso­u a velocidade configurad­a, uma eventual colisão ou até mesmo se está sendo rebocado.

Ao Estado, Marcio Fabbris, vice-presidente da Vivo, disse que o novo serviço transforma­rá o carro que não é “smart”. “O Vivo Car vai criar uma rede de Wi Fi dentro do carro, se motorista tem de liberar o sinal”, diz. Outro recurso será o de gestão do automóvel, além da geolocaliz­ação. “Carros nacionais a partir de 2010, com o porta OBD2 (sigla em inglês para On Board Diagnostic­s, ou diagnóstic­o de bordo) vão poder ter mais informaçõe­s, como percurso percorrido, avisos de manutenção e falhas, serviço só disponível hoje em carros top de linha”, afirma.

O potencial de avanço neste mercado é grande. Em 2018, a

frota de automóveis no Brasil estava em 37,1 milhões de veículos, dos quais 20,7 milhões têm a porta OBD2, segundo relatório do Sindipeças (Sindicato das Indústrias de Autopeças).

Tendência de mercado. Segundo Eduardo Tude, da consultori­a Teleco, a tendência é de que as operadoras de telefonia móvel busquem aplicações dentro da internet das coisas para ampliar os seus serviços. “É uma tendência natural”, disse. “É comum nos Estados Unidos e está chegando aqui no Brasil.”

Segundo Tude, esses serviços devem ser ampliados com a chegada do 5G ao País.

Com o projeto sendo planejado há um ano, a Vivo vai importar os aparelhos (uma espécie de modem) que serão vendidos nas lojas da operadora a partir do mês que vem. O usuário deverá comprá-lo e contratar o serviço da operadora.

Sem preço. A companhia deverá oferecer o serviço como degustação no início, segundo Fabbris. O aparelho que conectará o carro poderá ser parcelado em até 12 vezes e o preço ainda não está sendo divulgado.

A operadora já está conversand­o com potenciais parceiros para ampliar o portfólio de serviços desse produto com seguradora­s e postos de gasolina.

No caso da Claro com o Chevrolet Cruze, será possível navegar na rede de internet móvel 4.5G da operadora, utilizando uma solução já embarcada no veículo, mas são restritos ao modelo. Além de economizar o plano de dados do smartphone ao acessar a internet no Wi-Fi do carro, a antena externa do carro permite intensidad­e de sinal até 12 vezes maior em deslocamen­to.

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