O Estado de S. Paulo

Câmara britânica rejeita eleição e impõe nova derrota a premiê

Em pouco mais de um mês no cargo, Boris Johnson não obteve nem sequer uma vitória no plenário

- LONDRES

A Câmara dos Comuns impôs ontem uma nova derrota ao primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, ao rejeitar seu pedido de antecipaçã­o de eleições. O premiê, que precisava de 434 votos para convocar uma nova votação, conseguiu apenas 293 – 43 votaram contra o pedido. Mais cedo, os parlamenta­res decidiram obrigá-lo a publicar documentos e comunicaçõ­es confidenci­ais. O premiê também assegurou que não fará um novo adiamento no Brexit, previsto para 31 de outubro.

O premiê enfrenta a desconfian­ça da oposição que, após meses pedindo eleições, agora vê o risco de uma “armadilha” ou de que os eleitores pró-Brexit reforcem o Partido Conservado­r para que não tenha de pedir um terceiro adiamento. O líder do opositor Partido Trabalhist­a, Jeremy Corbyn, criticou a posição de Johnson e disse que não apoiará eleições até que a possibilid­ade de um Brexit sem acordo tenha sido descartada.

“O governo não está buscando um acordo de boa-fé”, afirmou Corbyn, alertando para o “desastre” que seria a saída da UE sem acordo, incluindo para o comércio e o mercado de trabalho.

Eleições após a prorrogaçã­o do Brexit obrigariam Johnson a descumprir sua promessa de retirar o Reino Unido do bloco de qualquer maneira, com ou sem acordo. Agora, por decisão do premiê, as duas Câmaras serão fechadas até 14 de outubro, duas semanas antes do prazo do Brexit, o que a oposição denuncia como uma estratégia para evitar que o Parlamento impeça uma saída radical da UE.

Johnson chegou ao poder em julho prometendo que tiraria o Reino Unido da UE em 31 de outubro. Mas, diante do temor de um Brexit caótico sem acordo, os deputados aprovaram em caráter de urgência, na semana passada, uma lei que o obriga a pedir um novo adiamento, se até 19 de outubro não se chegar a um acordo aceitável com Bruxelas ou se obtiver a luz verde do Parlamento para uma saída sem acordo. O texto entrou em vigor ontem com a aprovação formal da rainha Elizabeth II.

Johnson, que expulsou do partido 21 rebeldes conservado­res que votaram contra o seu governo, perdeu a maioria parlamenta­r sete semanas após chegar ao poder e esperava que as eleições antecipada­s lhe dessem um mandato forte antes da cúpula da UE, dias 17 e 18 de outubro, na qual esperava arrancar dos outros 27 países-membros do bloco europeu um novo acordo.

Ontem, a UE disse que não recebeu até nenhuma proposta “realista” de Londres, segundo o premiê irlandês, Leo Varadkar. “As reuniões técnicas vão continuar esta semana”, disse Mina Andreeva, porta-voz da Comissão Europeia.

“Pelo menos ele (Johnson) tem sido consistent­e. Perdeu todas as votações que submeteu ao Parlamento desde que virou premiê” Ian Blackford

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