O que família, amigos, escolas e instituições podem fazer
Acredito ser fundamental compreender o suicídio como algo complexo e multifatorial. Não devemos procurar uma única causa, mas sim entendêlo como uma interação entre fatores biológicos, genéticos, psicológicos, sociais, culturais e ambientais. Dentro dessa perspectiva, torna-se fundamental pensar o papel que as instituições têm em sua prevenção. A família, as instituições de ensino e os serviços de saúde devem possibilitar canais de transmissão de conhecimento sobre o tema e propiciar uma escuta eficaz em casos de intenso sofrimento psíquico.
A Organização Mundial da Saúde alerta que nove em cada dez suicídios podem ser evitados, porém não há uma “receita” para detectar quando uma pessoa se encontra em intenso sofrimento psíquico. De maneira geral, podemos dizer que as
pessoas sob risco de suicídio tendem a falar mais sobre morte e se sentir sem esperanças e perspectivas para o futuro. O retraimento e o isolamento, assim como o sentimento de despertencimento e/ou inadequação social, também figuram como sinais comumente expostos por pessoas que pensam em acabar com a própria vida.
O Centro de Valorização da Vida (fundado em São Paulo em 1962, que atende nacionalmente pelo 188), principal serviço de apoio psicológico e de prevenção ao suicídio do País, enfatiza que a forma como se dá o contato inicial é muito importante, assim, a escuta empática e o acolhimento sem julgamento se mostram como estratégias eficazes de prevenção. O encaminhamento para tratamento psicológico e/ou psiquiátrico especializado, após esse acolhimento inicial, é de extrema importância.
ESPECIALISTA EM ANTROPOLOGIA URBANA E PROFESSORA DO CENTRO DE PESQUISA E DOCUMENTAÇÃO DE HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA DO BRASIL DA FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS (FGV-CPDOC)