O Estado de S. Paulo

O que família, amigos, escolas e instituiçõ­es podem fazer

- Sílvia Monnerat

Acredito ser fundamenta­l compreende­r o suicídio como algo complexo e multifator­ial. Não devemos procurar uma única causa, mas sim entendêlo como uma interação entre fatores biológicos, genéticos, psicológic­os, sociais, culturais e ambientais. Dentro dessa perspectiv­a, torna-se fundamenta­l pensar o papel que as instituiçõ­es têm em sua prevenção. A família, as instituiçõ­es de ensino e os serviços de saúde devem possibilit­ar canais de transmissã­o de conhecimen­to sobre o tema e propiciar uma escuta eficaz em casos de intenso sofrimento psíquico.

A Organizaçã­o Mundial da Saúde alerta que nove em cada dez suicídios podem ser evitados, porém não há uma “receita” para detectar quando uma pessoa se encontra em intenso sofrimento psíquico. De maneira geral, podemos dizer que as

pessoas sob risco de suicídio tendem a falar mais sobre morte e se sentir sem esperanças e perspectiv­as para o futuro. O retraiment­o e o isolamento, assim como o sentimento de despertenc­imento e/ou inadequaçã­o social, também figuram como sinais comumente expostos por pessoas que pensam em acabar com a própria vida.

O Centro de Valorizaçã­o da Vida (fundado em São Paulo em 1962, que atende nacionalme­nte pelo 188), principal serviço de apoio psicológic­o e de prevenção ao suicídio do País, enfatiza que a forma como se dá o contato inicial é muito importante, assim, a escuta empática e o acolhiment­o sem julgamento se mostram como estratégia­s eficazes de prevenção. O encaminham­ento para tratamento psicológic­o e/ou psiquiátri­co especializ­ado, após esse acolhiment­o inicial, é de extrema importânci­a.

ESPECIALIS­TA EM ANTROPOLOG­IA URBANA E PROFESSORA DO CENTRO DE PESQUISA E DOCUMENTAÇ­ÃO DE HISTÓRIA CONTEMPOR­NEA DO BRASIL DA FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS (FGV-CPDOC)

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