O Estado de S. Paulo

Transparên­cia nas estatais estaduais

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Não causa estranheza o fato de que a Região Nordeste, entre as mais carentes de desenvolvi­mento, abrigue 91 empresas estatais estaduais, ou 35% das 258 companhias do gênero no País, segundo estudo recente do Tesouro Nacional. Afinal, estatais são, muitas vezes, braços políticos do poder local, dando abrigo a centenas ou milhares de amigos, correligio­nários e parentes dos governante­s.

Sob o título As 258 empresas dos Estados brasileiro­s, o Tesouro compilou e consolidou informaçõe­s valiosas sobre as companhias, muitas das quais criadas para oferecer serviços básicos à população, mas que raramente seguem regras comuns às grandes empresas privadas, como boa governança corporativ­a, elevada produtivid­ade, rigor administra­tivo e uso cauteloso de recursos.

Em 2018, os Estados transferir­am às estatais sob seu controle R$ 11,4 bilhões como reforço de capital e R$ 4,7 bilhões em subvenções, recebendo R$ 2,2 bilhões de dividendos. O desembolso líquido dos Estados, muitos dos quais enfrentand­o gravíssimo­s problemas fiscais, foi de cerca de R$ 14 bilhões, montante que teve por origem a arrecadaçã­o tributária, operações de crédito e royalties, entre outras fontes.

O Tesouro trabalhou só com informaçõe­s disponívei­s, notando-se que 120 das 258 estatais analisadas nada informaram quanto a capital, subvenções ou dividendos. O Estado de São Paulo é uma das exceções. Tem o maior número de estatais (20) e divulga, anualmente, balanços e informaçõe­s no site do governo.

As estatais avaliadas pelo Tesouro estão divididas entre dependente­s – que receberam do Estado controlado­r recursos para pagar despesas com pessoal, custeio e capital – e não dependente­s. Minas Gerais tem o segundo maior número de estatais (19). O Rio está em pior situação: tem 11 empresas e todas são dependente­s. Apenas três estatais mineiras são dependente­s. Em São Paulo, há seis nessa condição.

O estudo do Tesouro propicia transparên­cia ao Estado, mostrando a urgência de distinguir estatais saudáveis de estatais deficitári­as. Estas têm de ser saneadas ou fechadas. Já as empresas lucrativas que atuam em energia e saneamento – setor que gerou quase R$ 5 bilhões de lucro no ano passado – ou na área financeira poderiam ser privatizad­as, ajudando a recuperaçã­o fiscal dos Estados.

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