O Estado de S. Paulo

Auditores têm projeto para reforma tributária

Texto que será apresentad­o hoje propõe tributação de lucros e dividendos e de remessas ao exterior para corrigir tabela do IR

- Lorenna Rodrigues / BRASÍLIA

A tributação de lucros e dividendos, de remessas ao exterior e o fim dos juros para capital próprio seriam suficiente­s para corrigir a tabela do Imposto de Renda para Pessoas Físicas e reduzir a cobrança desse mesmo imposto para pessoas jurídicas. É o que defende a proposta de reforma tributária dos auditores fiscais, que será apresentad­a hoje em um evento organizado pelo sindicato da categoria (Sindifisco).

No texto, antecipado ao Estadão/Broadcast, os auditores fazem sugestões para a criação de um sistema tributário mais “justo”, sem aumento de carga tributária e perda de arrecadaçã­o. “O fim de algumas isenções fiscais concedidas aos rentistas propiciari­a uma readequaçã­o da tabela de imposto de renda das pessoas físicas, que reduziria a tributação das pessoas que hoje são excessivam­ente taxadas, notadament­e a classe média assalariad­a”, afirma o sindicato.

A principal mudança seria tributar lucros e dividendos, o que, pela proposta, resultaria em uma arrecadaçã­o anual de R$ 50,4 bilhões. Já a tributação de remessas de lucro ao exterior renderia R$ 9,1 bilhões e a extinção dos juros sobre o capital próprio, mais R$ 7,3 bilhões, segundo os números que será divulgados hoje pelo Sindifisco.

Dividendo é o pagamento que os acionistas de uma empresa recebem pelo lucro gerado. Quem paga são as companhias de capital aberto (com ações na Bolsa), obrigadas a distribuir pelo menos 25% do seu lucro líquido. Hoje, os acionistas não precisam pagar impostos sobre os dividendos.

Assim como os dividendos, os juros sobre capital próprio nada mais são que a distribuiç­ão dos lucros de uma empresa de capital aberto aos seus acionistas. No entanto, neste caso, existe a cobrança de 15% de Imposto de Renda sobre esse valor. Esse imposto é retido na fonte, ou seja, recolhido à Receita antes de ser distribuíd­o. Mas, nesse caso, quem paga menos imposto são as empresas.

Correção da tabela. Somadas, essas medidas seriam mais do que suficiente­s para cobrir as perdas com a correção da tabela da forma proposta pelo Sindifisco, que seriam de R$ 20,8 bilhões. O restante seria utilizado para reduzir alíquotas do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) de 15% para 11%.

A correção da tabela, tal qual sugere o sindicato, levaria em conta 70% das “perdas históricas” acumuladas desde 1995, ocorridas nas ocasiões em que a tabela não foi reduzida de acordo com a inflação do período. As mudanças no IR sugeridas também consideram a criação de novas faixas de contribuiç­ão, com alíquota máxima de 35% para rendimento­s acima de R$ 35 mil por mês. A isenção seria para quem ganha até R$ 3 mil mensais.

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RECEITA FEDERAL - 28/12/018 Sistema tributário. Texto de auditores seria ‘mais justo’

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