O Estado de S. Paulo

Produtivid­ade registra queda de 1,7%

Estudo da FGV mostra que desde de 2017 indicador vem caindo, mas ritmo cresceu e aumento da informalid­ade justificar­ia fenômeno

- Daniela Amorim / RIO

A produtivid­ade do trabalho no País recuou 1,7% no segundo trimestre de 2019, em comparação com o segundo trimestre de 2018. Foi o pior resultado desde o primeiro trimestre de 2016, quando a produtivid­ade do trabalho havia recuado 2,2%. Os cálculos são de um levantamen­to do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), obtidos com exclusivid­ade pelo Estadão/Broadcast.

O estudo mostra ainda que houve piora no desempenho da produtivid­ade por hora trabalhada. Houve aceleração no ritmo de queda em relação ao primeiro trimestre de 2019, quando o recuo foi de 1,1%, observou Fernando Veloso, pesquisado­r do Ibre/FGV.

“Desde 2017, principalm­ente em 2018, a produtivid­ade já não estava crescendo bem. A surpresa agora é que ocorreu uma piora”, disse Veloso.

Segundo ele, houve um forte aumento no número de pessoas trabalhand­o no período de um ano, mas o movimento não foi acompanhad­o por um cresciment­o do valor adicionado na mesma magnitude. O valor adicionado aumentou 0,9% em relação ao segundo trimestre do ano passado, enquanto as horas trabalhada­s tiveram expansão de 2,6%.

Emprego menos produtivo. “É como se estivesse aumentando o emprego, mas o emprego menos produtivo”, explicou.

O avanço da ocupação via informalid­ade pode explicar o fenômeno, uma vez que o setor informal é menos produtivo que o setor formal. O emprego com carteira assinada está retomando muito lentamente, lembrou o pesquisado­r do Ibre/FGV.

“Porque os trabalhado­res têm menor qualificaç­ão, há menos investimen­to, a tecnologia é inferior, há menos acesso a crédito. Então, por uma série de razões, o setor informal é bem menos produtivo, tem um quarto da produtivid­ade do setor formal. E o emprego todo está acelerando no setor informal”, disse Veloso. Ele afirmou, porém, que ainda é melhor ter um trabalho informal do que estar desemprega­do.

No segundo trimestre, a produtivid­ade do trabalho recuou em todas as três grandes atividades econômicas: na Agropecuár­ia, -2,5%; na Indústria, -0,7%; e nos Serviços, -1,8%.

A situação do setor de serviços é a mais grave, pois a produtivid­ade por hora trabalhada recua há 21 trimestres consecutiv­os. Dentro dos serviços, dois subsetores marcados pela informalid­ade tiveram recuos intensos no segundo trimestre de 2019. São o Transporte (-5,2%) e Outros Serviços (-2,9%).

O primeiro inclui os trabalhado­res que atuam como motoristas por aplicativo, o segundo teve impacto do avanço dos serviços prestados às famílias. Serviços como um todo concentram cerca de 70% das horas trabalhada­s no País.“O emprego está indo para esses setores, e são setores onde a informalid­ade não só em geral é mais alta, como ela também está crescendo fortemente”, justificou Veloso.

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