O Estado de S. Paulo

À caça (fotográfic­a) do puma

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O olhar atento de Rosita ao volante da van não perde qualquer detalhe na paisagem. Mesmo com pouca luz natural, já que no outono patagônico o sol nasce por volta de 9h da manhã, ela percebe a movimentaç­ão perto de um morro. Logo avisa o guia Marco Ojeda de que tem um puma ali. Ela estaciona o veículo e, com a ajuda do binóculo, vem a confirmaçã­o de que o enorme felino das Américas está lá.

Uma das dicas foi a presença dos chamados “trackers”, rastreador­es que se especializ­aram em seguir os pumas para depois levar turistas para fazer imagens. É um negócio, cada vez mais lucrativo, feito por fazendeiro­s da região. Na beira da estrada, pessoas com roupas camufladas e lentes enormes ficam na expectativ­a para fotografar o animal. Obviamente, nem sempre o resultado é positivo.

Esse tipo de excursão tem gerado um debate sobre o quanto a presença dos humanos cada vez mais perto dos pumas pode estressar os felinos, que na região chegam a 3 metros, da ponta do rabo até a cabeça, e podem pesar mais de 100 kg. Eles não são monitorado­s, mas estima-se que existam cerca de 90 na região.

“O puma tem mais medo da gente do que a gente dele. Quando vê alguém, ele logo se afasta”, explica Basilio Reinika, que coordena os guias no hotel Tierra Patagonia. Ele explica que alguns indivíduos até ganharam apelidos, como Scarface e Sarmiento. “Tem até um que não tem o rabo”, diz.

O felino não tem hábito de atacar humanos. Em vez disso, prefere se alimentar de guanacos (espécie de primo da lhama), vistos aos montes na paisagem. Quando consegue caçar um, o puma se alimenta principalm­ente das vísceras. Depois, satisfeito, deixa o animal morto para trás e daí aparecem condores, gaviões, raposas e até tatus.

Até consegui fotografar o puma. Foi preciso usar um zoom exagerado para ver um pontinho amarelado, camuflado em meio às estepes. Eu sei que ele está lá, mas seria difícil para qualquer outra pessoa encontrá-lo na imagem. Desculpe, leitor.

Há diversas empresas especializ­adas no passeio, mas também é possível reservar no seu próprio hotel. Mesmo sem comprar o pacote específico de perseguiçã­o ao puma, o viajante tem a possibilid­ade de encontrar o animal por acaso. Só é preciso ter o olhar atento como o de Rosita.

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MARCO OJEDA Clique. Além do felino, avistam-se raposas e outros bichos

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