O Estado de S. Paulo

TRÊS PERGUNTAS PARA...

- Daniel Martins de Barros, psiquiatra / PALOMA COTES

1.

O suicídio é assunto pouco falado?

É um assunto tabu, mas não diria que é pouco falado. Existia a ideia de que falar sobre o tema estimulava novos casos de suicídio. Mas essa influência depende do jeito que se fala e a alternativ­a para essa questão não é não falar e fingir que o problema não existe. O que precisa ser feito é aproveitar campanhas ou notícias sobre casos de suicídio para dizer que esse é um problema que pode ser prevenido.

2.

Qual a importânci­a das campanhas neste mês de setembro?

Quando a campanha começa, fala-se muito de números, taxas. Isso é importante para os tomadores de decisão, mas pouco eficaz para fazer a prevenção do comportame­nto da pessoa que está sofrendo. Eficaz é falar: se você está numa crise, sentindo que é insuportáv­el, provavelme­nte você está doente e pode se beneficiar da ajuda de um profission­al de saúde mental, seja um psiquiatra ou psicólogo. Na falta deles, vá a um clínico geral.

3.

Falta uma mensagem mais positiva nas campanhas?

Sem dúvida. A maioria das pessoas não se mata porque a maioria não está doente. Com suporte afetivo, rede de proteção social, boa saúde mental, a gente consegue aguentar mais um pouquinho, até porque crises são cíclicas e passam. A morte não é saída nem solução. É preciso lembrar que a vida vale mais.

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