Insatisfeitos no Senado ameaçam retaliação
Não terminará sem choro e sem ranger de dentes o embate em torno da CPI da Lava Toga no Senado. O grupo pró-instalação da comissão (cerca de 20 parlamentares) chega a ameaçar, reservadamente, impor dificuldades na Casa à votação da reforma da Previdência e às sabatinas de Augusto Aras, escolhido para assumir a PGR, e de Eduardo Bolsonaro, virtual indicado do Planalto para a embaixada do Brasil em Washington (EUA). A tensão aumentou ainda mais após Flávio Bolsonaro (PSLRJ) ter se recusado a assinar o requerimento pela CPI.
» Linhas gerais. A ideia também é boicotar outras pautas até que Davi Alcolumbre (DEM-AP), o presidente do Senado cada vez mais afinado com Jair Bolsonaro, instale a CPI da Lava Toga, algo distante atualmente.
» Ele, não. Alguns senadores avaliam, maldosamente, como desnecessário incluir a situação de Eduardo no pacote de pressão: já está tão complicada que não seria um instrumento efetivo.
» Ela, não. A cúpula da reforma tributária nas duas Casas do Congresso rechaça a possibilidade de uma nova CPMF, como o ministro Paulo Guedes (Economia) promete apresentar.
» Stop. “Se quiser mandar um imposto novo sem ter consenso, o Congresso não vai entregar a reforma neste ano”, diz a presidente da CCJ no Senado, Simone Tebet (MDB-MS).
» Juntos. Ela esteve ontem com o deputado Baleia Rossi (MDB-SP), autor da proposta de reforma que tramita na Câmara. Ambos concordaram na avaliação.
» Vamos. “Qual o consenso? Desburocratizar e unificar impostos federais? Ótimo, deixamos a unificação dos estaduais para uma segunda etapa”, diz Tebet.
» Em nome da Casa. Na reunião de líderes, Rodrigo Maia (DEM-RJ) foi cobrado a dar resposta institucional à declaração de Carlos Bolsonaro de que “a transformação que o Brasil quer não será rápida por via democrática”. O presidente da Câmara não titubeou.
» Exposição. Dentro dos quartéis, a declaração de Carlos sobre a democracia repercutiu bastante mal. Depois dos cortes que afetaram a rotina na ponta, o apoio ao governo de Bolsonaro anda inconstante.
» Esfinge. A grande questão na cabeça dos parlamentares é: Carlos Bolsonaro fala por ele ou também pelo pai presidente quando escreve esse tipo de coisa?
» Tic-tac. Apesar de a unanimidade do CNMP ter recusado o afastamento de Deltan Dallagnol, conselheiros dão como certo que um processo será aberto.
» Lonely. Não passou despercebido também que a última sessão de Raquel Dodge no conselho foi esvaziada, bem diferente de quando ela começou sua gestão à frente da PGR.
» Efeito. Entre os caciques do MDB é certo: o número de prefeituras comandadas pelo partido vai sofrer redução nas eleições de 2020, na esteira do fenômeno que desidratou a bancada da Câmara. Em 2016, com sete governadores, o MDB elegeu 1.206 prefeitos.
» Em baixa. O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro, está na Rússia buscando parceiros. Dos 70,5 milhões de russos que viajam pelo mundo por ano, o Brasil recebe apenas 18,8 mil.