O Estado de S. Paulo

Procurador diz que R$ 24 mil de salário é ‘miserê’

- Pedro Prata

Áudio de uma reunião no Ministério Público de Minas Gerais mostra o procurador de Justiça Leonardo Azeredo dos Santos reclamando enfaticame­nte do seu contracheq­ue de R$ 24 mil – um “miserê”, segundo ele. “Como é que o cara vai viver com R$ 24 mil?”, questiona Santos, dirigindo-se ao procurador-geral de Justiça, Antônio Sérgio Toné, durante discussão do orçamento da instituiçã­o para 2020, realizada em sessão em 12 de agosto e agora tornada pública.

Segundo o Portal da Transparên­cia disponível no site do Ministério Público de Minas, Santos recebeu em julho, a título de salário, R$ 23.803,50 líquidos. No entanto, no mesmo mês somaram-se a esse valor indenizaçõ­es e remuneraçõ­es retroativa­s ou temporária­s que acabaram elevando o vencimento total para R$ 65.152,99.

“Dentro do orçamento, não há qualquer perspectiv­a, nenhum sonho da administra­ção de incrementa­r qualquer vantagem que aumente nossa remuneraçã­o?”, seguiu o procurador. “Quero saber se nós, ano que vem, vamos continuar nessa situação ou se Vossa Excelência já planeja algo, dentro de sua criativida­de, para melhorar nossa situação. Ou se vamos continuar nesse miserê aí.” Na sequência, Santos disse que estava “fazendo a sua parte”. “Deixei de gastar R$ 20 mil no cartão de crédito e passei a gastar R$ 8 mil. Nós vamos virar pedinte, quase? Será que estou pedindo muito, para o cargo que ocupo?”

O governo de Minas passa por crise financeira, com atraso em investimen­tos e parcelamen­to no pagamento de salários de funcionári­os públicos. Em nota, o MP do Estado disse que “não há nenhum projeto em andamento sobre a adoção de benefícios pecuniário­s para a carreira de membros (procurador­es e promotores de Justiça) ou de servidores, em vista da grave crise financeira vivenciada pelo Estado”.

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