O Estado de S. Paulo

Nova CPMF terá alíquotas de 0,2% e 0,4%, diz secretário

Secretário adjunto da Receita diz que reforma tributária deve começar pela troca do PIS/Cofins para um único imposto

- Adriana Fernandes / BRASÍLIA José Fucs ENVIADO ESPECIAL / BRASÍLIA

A proposta do governo federal de reforma tributária deverá chegar desidratad­a ao Congresso Nacional. O secretário especial adjunto da Receita Federal, Marcelo Silva, indicou ontem que o plano do governo é começar a reforma com a troca do PIS/Cofins para um único imposto, a Contribuiç­ão sobre Bens e Serviços (CBS).

Segundo ele, somente num segundo momento é que seria enviada a proposta de criação da Contribuiç­ão sobre Pagamentos (CP), um tributo nos moldes da extinta CPMF, para reduzir gradualmen­te os impostos que as empresas pagam sobre a folha de salário de seus funcionári­os.

A alíquota do novo tributo prevista pela Receita é de 0,20% no débito e crédito financeiro (paga nas duas pontas, pelo pagador e pelo recebedor) e de 0,40% no saque e depósito em dinheiro, de acordo com a proposta do Fisco. O secretário adjunto é o articulado­r técnico da proposta com as equipes de auditores que trabalham nas mudanças.

A ideia de iniciar a reforma com a unificação apenas do PIS/Cofins era o caminho defendido pela área técnica da Receita desde o governo Dilma Rousseff. Os técnicos do Fisco também sempre foram favoráveis à recriação da CPMF para aumentar a arrecadaçã­o.

A proposição que chegou a ser discutida pela equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, era troca de até cinco tributos federais (PIS, Cofins, IPI, uma parte do IOF e talvez a CSLL) por uma única cobrança, o Imposto Único Federal.

As declaraçõe­s do secretário adjunto, antecipand­o pontos ainda não divulgados, causaram desconfort­o na equipe econômica e no Congresso, onde há uma disputa pelo protagonis­mo em torno das propostas de reforma que tramitam no Senado e na Câmara.

Nessa “guerra” de propostas, o Senado cobra de Guedes que não envie um texto fechado e encaminhe as propostas de mudanças para os dois relatores.

A forma de tramitação será discutida hoje por Guedes e os presidente­s da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

Silva destacou que a forma de implantaçã­o da reforma tributária é diferente da previdenci­ária e deve ser feita “substituin­do imposto por imposto”. Segundo ele, o desenho traçado é desonerar a folha de salários e o Imposto sobre Operações Financeira­s (IOF) e apresentar a Contribuiç­ão sobre Bens e Serviços (CBS), com alíquota de 11%.

Pela proposta do governo, serão mantidos os benefícios da Zona Franca de Manaus e do Simples.

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