Oferta do Banrisul volta a causar ruído no mercado
Aoferta subsequente (follow on) do Banrisul para a venda de uma fatia excedente do controle do governo do Rio Grande do Sul voltou a causar polêmica entre investidores. Os críticos afirmam que a operação seria mais vantajosa se o banco gaúcho fosse privatizado. O modelo anunciado, ao contrário, deve gerar dinheiro somente para cobrir despesas correntes. A operação é estimada em mais de R$ 2 bilhões. A oferta dos papéis só pode ocorrer se o valor de mercado do banco estiver acima do patrimonial. Para isso, a ação preferencial classe B do Banrisul precisa ficar acima de R$ 19,32. O papel fechou cotado a R$ 23 ontem, após cair 3% com o anúncio. Isso significa que o espaço para oferecer um desconto ao investidor e atraí-lo para a oferta pode ficar apertada.
» Saia-justa. O desconto que os bancos poderão oferecer não pode ser, considerando o fechamento da ação ontem, superior a 16%, já que isso levaria o valor de mercado abaixo do patrimonial, inviabilizando a operação. Pesa contra os cálculos do desconto ainda o fato de que o follow on envolve apenas ações ordinárias, que são de menor liquidez, aumentando a pressão do investidor. Além disso, existe a percepção de que o banco, operacionalmente, não está redondo. Por exemplo, a oferta está sendo levada sem que o Banrisul tenha divulgado metas de crescimento.
» Popular e político. A liminar que envolveu o banco gaúcho teve origem em uma ação popular movida pelo ex-presidente do banco e que concorreu ao governo do Rio Grande do Sul nas últimas eleições, Mateus Bandeira, enfatizando a destruição de valor da instituição preferida dos gaúchos nesse modelo em que o Estado segue controlador. Procurado, o Banrisul não comentou.
» Ainda não. O Banco Votorantim, controlado pelo Banco do Brasil e pela família Ermírio de Moraes, desistiu de listar suas ações neste ano e pretende colocar os pés na Bolsa somente em 2020. Apesar da reviravolta positiva em termos de resultado, a instituição está longe de estar pronta para tocar uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) neste exercício. No primeiro semestre, seu lucro líquido foi a R$ 688 milhões, quase 35% a mais que o visto em idêntico período de 2018. » Parado. Desde que o JP Morgan concluiu o trabalho pré-IPO para o Votorantim, nenhum passo a mais teria sido dado. A ideia dos sócios, ao menos até aqui, é listar as ações do Votorantim na Bolsa como passaporte para o BB se desfazer de sua fatia no banco. Nesse cenário, a família Ermírio de Moraes permaneceria no negócio com um novo sócio ou não. Como o grupo Votorantim não tem DNA para banqueiro, sairia em outra oportunidade. Procurado, o banco não comentou.
» Batalha naval. O recuo do Votorantim de listar suas ações neste ano ocorre em meio à ofensiva dos bancos de investimento para atrair emissores de diversos setores para a bolsa, dentre eles, o financeiro. Um dos nomes que conseguiram convencer foi o mineiro BMG que vai fazer uma segunda tentativa de emplacar seu IPO de R$ 1,5 bilhão em outubro próximo ou, no mais tardar, em novembro.
» Visível. Envolvida nos maiores casos de recuperação judicial, a Alvarez & Marsal criou uma plataforma para credores terem acesso digitalmente a informações de processos de empresas nessa situação. São disponibilizadas, por exemplo, editais de listas de credores, datas de assembleias, comunicados sobre leilões e decisões do juiz. Alguns dos casos de processos de recuperação judicial já listados são os da Odebrecht, Avianca, Atvos, JJ Martins, Livraria Cultura e Banco Morada. Nesses e em outros casos, a A&M tem atuado como administrador judicial, que trabalha para a Justiça na organização da lista de credores, documentações e assembleias de credores. » Formiga. Enquanto o Brasil enfrenta uma crise ambiental que reduziu a cinzas milhares de hectares na Amazônia, recursos europeus chegam para apoiar pequenas e médias empresas brasileiras em setores que contribuem para uma economia de baixa emissão de carbono. O programa Low Carbon Business Action in Brazil, financiado pela União Europeia, fará uma nova rodada de investimento, entre os dias 17 e 18 de setembro, com potencial de arrecadar 300 milhões de euros.
» Ponte. Batizado de Business To Finance, o encontro para os investimentos vindos da Europa serve de ponte para financiadores e empresas brasileiras e europeias interessadas em colocar em prática mais de 65 projetos sustentáveis em diversos setores do mercado brasileiro. A reunião acontece na capital paulista.