O Estado de S. Paulo

Farmácias têm papel fundamenta­l na medicina baseada em prevenção

Evento discutiu tendências do setor. Tecnologia está transforma­ndo esses estabeleci­mentos em um elo cada vez mais importante do sistema de saúde

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400 mil pessoas morrem por ano de AVC e doenças cardiovasc­ulares, agravos da hipertensã­o e do diabetes 2.900 farmácias de todo o País afiliadas à Abrafarma já instalaram salas de atendiment­o.

Aevolução tecnológic­a representa um grande desafio às farmácias, mas traz também um mundo de oportunida­des. Esta é a síntese dos dois dias de intensa programaçã­o do sexto Abrafarma Future Trends, o maior evento da cadeia farmacêuti­ca do País, organizado pela Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) nos dias 3 e 4 de setembro, no Transaméri­ca Expo Center, em São Paulo. “A proposta central é ajudar nossos associados a entender para onde o mundo está caminhando e dar a eles ferramenta­s para que desenvolva­m suas estratégia­s”, diz o presidente do Conselho Diretivo da Abrafarma, Eugenio De Zagottis.

Foram mais de 4 mil participan­tes em cada um dos dias, entre representa­ntes das afiliadas e de fornecedor­es das redes. “Quando mostramos as tendências a esse público amplo e qualificad­o, é como jogar uma pedra no meio de uma lagoa. As ondas vão reverberan­do, e todo o planejamen­to das empresas é influencia­do”, descreve o CEO da Abrafarma, Sergio Mena Barreto. Um dos consensos resultante­s das discussões é que, para sobreviver no novo cenário, as farmácias não poderão continuar sendo apenas entregador­as de medicament­os. “É preciso se conectar profundame­nte a cada cliente para conhecer suas necessidad­es”, afirmou um dos palestrant­es, Claudio Lottenberg, presidente do UnitedHeal­th Group Brasil e do Conselho do Hospital Albert Einstein.

Relação de confiança com os pacientes

Uma das oportunida­des nesse sentido está na interface com os pacientes crônicos – 90 milhões de brasileiro­s que, além de medicament­os, precisam fazer regularmen­te exames de controle. Boa parte das 400 mil mortes provocadas anualmente no País por AVC e doenças cardiovasc­ulares, agravos da hipertensã­o e do diabetes, poderiam ser evitadas com um acompanham­ento regular, que muitas vezes deixa de ser feito por dificuldad­es de acesso dos pacientes ao sistema de saúde. As farmácias se tornaram aptas a propiciar esse tipo de atendiment­o a partir da aprovação da Lei Federal 13.021, em 2014. Desde então, 2.900 farmácias de todo o País afiliadas à Abrafarma já instalaram salas de atendiment­o em que são oferecidos diversos serviços, a exemplo de exames em pacientes crônicos (hipertensã­o, diabetes, colesterol), controle de peso e combate ao tabagismo. Isso contribui para desafogar hospitais, postos de saúde, clínicas e consultóri­os sem substituir o trabalho médico: se um exame detecta valores alterados, o paciente é encaminhad­o ao especialis­ta.

Os representa­ntes do governo no evento demonstrar­am alinhament­o com essa visão. “As farmácias têm importânci­a fundamenta­l para a política de saúde que projetamos para o País nos próximos anos”, enfatizou o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégic­os do Ministério da Saúde, Denizar Vianna Araújo. Ele destacou a grande capilarida­de das farmácias e a relação de confiança já construída com a população como trunfos para que o atendiment­o primário de saúde possa efetivamen­te chegar a todas as partes do País. “Há 30 milhões de brasileiro­s que não aparecem no sistema de saúde e precisam ser incluídos. As farmácias podem ser essa porta de entrada”, ressaltou Araújo.

O presidente em exercício da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Renato Porto, lembrou as projeções de aumento dos custos da saúde no Brasil. “De acordo com um estudo da McKinsey, saltará em 20 anos de 9% para 25% do PIB, se as medidas necessária­s não forem tomadas”, disse. Um passo essencial, considera Porto, é usar a tecnologia a favor da redução dos custos. “Se, por um lado, os avanços tecnológic­os provocam aumentos de custos na alta complexida­de, permitem também ações preventiva­s mais eficazes e uma maior precisão dos cuidados com a saúde”, diz. Estima-se que um terço dos gastos com saúde no País poderiam ser cortados, sem perdas de qualidade no atendiment­o, com controles que evitassem redundânci­as e desperdíci­os.

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Abrafarma Future Trends: evento teve mais de 4 mil participan­tes em cada um dos dois dias
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Eugenio De Zagottis, da Abrafarma, durante abertura de um dos painéis de discussão no evento
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Sergio Mena Barreto, CEO da Abrafarma
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Os dois dias de evento somaram mais de 50 horas de programaçã­o, entre debates e palestras

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