O Estado de S. Paulo

Tasso admite rever relatório para evitar atraso na reforma

Senado discute se propostas de relator alteram o texto aprovado na Câmara, o que obrigaria o retorno da PEC para os deputados

- Daniel Weterman / BRASÍLIA

Para evitar atrasos na tramitação da reforma da Previdênci­a no Senado, o relator, senador Tasso Jereissati (PSDBCE), admite deixar para depois duas mudanças que pretendia propor no texto. Em seu relatório, o senador havia proposto algumas mudanças que, normalment­e, não exigem o retorno do texto para votação na Câmara. Mas o entendimen­to de técnicos do Senado é de que essas mudanças alteram o mérito da reforma e levariam, necessaria­mente, a uma nova votação do texto na Câmara.

Ontem, os presidente­s da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), pretendiam conversar com o relator sobre o tema. Uma das mudanças propostas por Tasso daria autonomia a Estados e municípios para criarem alíquotas extraordin­árias na contribuiç­ão de servidores.

Essa cobrança se tornaria possível com a retirada da expressão “no âmbito da União”, no trecho da reforma que diz respeito à cobrança de contribuiç­ão extra. Seria uma forma de reincluir os Estados e municípios na reforma da Previdênci­a, retirados durante a tramitação do texto na Câmara.

Outra alteração questionad­a por consultore­s do Senado foi aquela que prevê a possibilid­ade de trabalhado­res informais contribuír­em para a Previdênci­a com alíquotas favorecida­s. A emenda foi sugerida pelo senador Renan Calheiros (MDBAL). Ela altera o trecho “a lei poderá” para “a lei instituirá sistema especial de inclusão previdenci­ária” e adiciona a expressão “aos que se encontram em situação de informalid­ade” – de forma a enquadrá-los como trabalhado­res de baixa renda.

Se Maia e Alcolumbre concluírem que as mudanças propostas por Tasso alteram o mérito da reforma, elas poderão ser incluídas na PEC paralela, que diz respeito aos Estados e municípios – tudo para não prejudicar a tramitação da reforma. “Existe essa discussão entre os técnicos, mas não vai haver atraso nenhum. Nós vamos discutir. Sendo o caso eu jogo para a (PEC) paralela,”, disse Tasso.

Cronograma. No cronograma da Casa, a reforma seria aprovada em votação no plenário em primeiro turno no dia 24 de setembro. Já o segundo turno ficaria para o dia 10 de outubro. Para que a reforma possa ser pautada em plenário, é necessário cumprir prazo regimental de cinco sessões deliberati­vas – que começaram a contar nesta terça-feira, 10.

O governo tem pressionad­o os senadores para antecipar a primeira votação já para dia 18 de setembro, mas lideranças partidária­s consideram essa hipótese improvável. Para isso, seria preciso obter quórum mínimo de 41 senadores na sexta-feira e na segunda-feira. Nesses dias da semana, no entanto, a presença de senadores costuma ser muito baixa.

Para entrar em vigor, a reforma da Previdênci­a precisa passar por essas duas etapas de votação no Senado sem que o conteúdo já aprovado na Câmara seja alterado.

Economia reduzida. O secretário especial de Previdênci­a e Trabalho, Rogério Marinho, disse que o texto aprovado pelo Senado na CCJ prevê uma economia de R$ 876,7 bilhões em dez anos – menos que os R$ 933,5 bilhões previstos na proposta que veio da Câmara.

Entre as mudanças feitas por Tasso estão a garantia de um salário mínimo para pensões por morte e a retirada do conceito de miserabili­dade para o pagamento do Benefício de Prestação Continuada (BPC), ampliando o número de atendidos. Marinho defendeu a retomada do texto original. “O que ele puder jogar para a PEC paralela, melhor. Se ele mantiver o que veio da Câmara, é o que nós queremos”, disse.

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DIDA SAMPAIO/ESTADÃO-4/9/2019 Estratégia. Tasso pode passar mudanças para PEC paralela

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