Jovens em busca de um propósito
Orecrutamento de europeus é um fenômeno recente e não há uma única resposta para o que leva um adolescente a se radicalizar. Para o sociólogo iraniano Farhad Khosrokhavar, muitas vezes a religião é apenas o gatilho. O jihadismo seria, segundo ele, resultado da falta de saída política em sociedades cada vez mais desiguais, o canalizador de “injustiças sociais”, um papel que antes cabia a grupos como Brigadas Vermelhas e Baader-Meinhoff.
A antropóloga Dounia Bouzar, que ajuda famílias com filhos radicalizados, também diz que a religião não é a causa, “mas o meio usado pelos recrutadores” – ela calcula que 40% das famílias envolvidas nem sequer são muçulmanas. Isso porque o recrutamento não é feito apenas nas mesquitas, mas também online. O alvo são jovens suburbanos em busca de um propósito. Muitos não falam árabe nem conhecem o Alcorão. O belga Salah Abdeslam, responsável pela logística dos ataques de novembro de 2015, em Paris, frequentava bares gays, bebia e usava drogas – o que é proscrito pelo Islã.
Há ainda casos de jovens que buscam no recrutamento promoção social, um emprego remunerado ou simplesmente encontrar meninas para superar algum trauma afetivo. Segundo especialistas, os recrutadores sabem disso e usam mulheres para atrair o bando. A frustração, porém, também pode ter relação com um complexo de virilidade, que facilita o recrutamento. O sociólogo Raphaël Liogier costuma dizer que as academias de musculação abrigam mais jihadistas do que as mesquitas. Neste caso, o EI estaria alistando criminosos prontos para matar, independentemente da religião.