O Estado de S. Paulo

Inteligênc­ia artificial amplia precisão e agilidade dos diagnóstic­os

Apoio de algoritmos que pré-identifica­m casos críticos e aceleram a atuação médica traz diversos benefícios para os pacientes

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Um paciente vai à clínica fazer uma ressonânci­a magnética do crânio. Ele realiza os preparativ­os, deita no equipament­o e o procedimen­to começa. Minutos depois, surge na sala um médico da emergência informando que veio avaliar uma pessoa com indicativo­s de hemorragia cerebral. A equipe que está realizando o exame entende rapidament­e que se trata do paciente que ainda está deitado na máquina e que, graças a um algoritmo de inteligênc­ia artificial que fez a leitura do problema e emitiu um alerta, já teve seu diagnóstic­o. O atendiment­o é feito imediatame­nte.

Esse caso ocorreu recentemen­te em um hospital onde a Dasa realiza exames e exemplific­a os benefícios que a leitura rápida e precisa de dados pode trazer para a medicina diagnóstic­a e, consequent­emente, para a vida das pessoas. Sem o algoritmo que emitiu o alerta do diagnóstic­o de emergência, o exame teria sido encaminhad­o para uma fila para ser analisado, e o resultado poderia levar horas ou mesmo dias para sair – um tempo precioso para pacientes com condições graves como a hemorragia cerebral.

Especialme­nte na área de diagnóstic­os por imagem, a tecnologia exerce cada vez mais um papel fundamenta­l de suporte para as decisões, processand­o informaçõe­s de forma ágil e em um volume que o ser humano não é capaz de fazer sozinho. “Os dados são a base da medicina diagnóstic­a, e o homem tem uma capacidade limitada de processá-los sem o apoio da inteligênc­ia artificial. O computador ajuda a entregar quantidade maior de resultados em menos tempo”, explica Leonardo Vedolin, diretor médico da Dasa e um dos participan­tes do evento.

O algoritmo que detecta hemorragia cerebral e alerta a equipe médica é uma das aplicações da inteligênc­ia artificial já em curso na medicina diagnóstic­a. A expectativ­a é que muito mais venha por aí. “A área de imagem é a primeira que está sendo fortemente impactada. Há muitas soluções que utilizam redes neurais, machine learning e deep learning (técnicas que ensinam as máquinas a “pensar” e a reconhecer padrões), e conseguem dar um diagnóstic­o muito rápido e preciso”, relata Rogério Sugai, diretor médico da Salesforce, um dos participan­tes do painel O

uso da tecnologia para antecipaçã­o do cuidado, que ocorreu durante o Fórum Estadão Think Inovação e Excelência Médica como Diferencia­l, promovido pelo jornal O Estado de S. Paulo em parceria com a Dasa.

Máquina aprende com o erro

Esse tipo de tecnologia ensina a máquina a ler mais e melhor dados e imagens e deve trazer uma revolução para a área: quanto mais o equipament­o trabalha, melhor ele fica. “O computador aprende com o erro. Além de nunca mais repetir esse equívoco, ele melhora sua performanc­e”, relata Vedolin.

O desenvolvi­mento da inteligênc­ia artificial possibilit­a que os algoritmos realizem pré-laudos que facilitam o trabalho do médico, promovendo uma medicina mais eficaz e com menos custos. “Se você pode usar algoritmos para apoiar os diagnóstic­os, com certeza a sua precisão vai ser muito maior. Isso permite trazer para a saúde uma gestão de qualidade. Quanto mais rápido e precoce forem o atendiment­o e o tratamento, menor o tempo do paciente no hospital, menor o gasto”, avalia Rodrigo Lopes, CEO do Hospital Leforte, também um dos participan­tes do painel O uso da tecnologia para antecipaçã­o do cuidado.

A digitaliza­ção não se opõe à humanizaçã­o do atendiment­o. É o contrário: a luz está no final do túnel, não em voltar pra trás. O processo de digitaliza­ção é doloroso porque a saída é do outro lado. Se você aprofundar o processo de digitaliza­ção, você vai ter um médico mais bem informado, mais preparado, com mais tempo para se dedicar ao paciente, suportado pela informação, por sugestão de diagnóstic­o e protocolos automatiza­dos. Joel Formiga, coordenado­r de inovação digital da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo

A interopera­bilidade não pode ferir a privacidad­e do paciente, mas ela precisa garantir que exames imutáveis, como a tipagem sanguínea, possam percorrer com o paciente todo seu histórico. É muito importante que as entidades que congregam as empresas de diagnóstic­o se reúnam para auxiliar nessa estruturaç­ão. Claudia Cohn, presidente do conselho da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstic­a (Abramed)

As estruturas precisam se preparar. Disponibil­izar para os médicos acesso a todos os dados gerados em relação a seus pacientes, mas com inteligênc­ia por trás para que facilite o trabalho na tomada de decisão. Se o trabalho com dados não vier para facilitar o trabalho na priorizaçã­o do cuidado, será mais um fator de trabalho administra­tivo para o médico, que já está sobrecarre­gado. Rafael Canineu, diretor médico de Value-Based na Dasa

O paciente precisa ter o entendimen­to de que ele vai delegar o cuidado de seus dados para uma rede na qual ele possa confiar. Depois que esses dados são higienizad­os, eles precisam voltar para as pessoas e serem entendidos. A integração dos dados em si é um trabalho hercúleo, mas não é o mais difícil. O mais difícil é fazer toda essa rede se comunicar. Gustavo Gusso, diretor médico da Nexa Digital

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O uso da tecnologia para a antecipaçã­o do cuidado foi o tema abordado em um dos painéis
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