O Estado de S. Paulo

Efeito Amazon.

B2W, Via Varejo, Americanas e Magazine Luiza despencam na Bolsa após lançamento do serviço de fidelizaçã­o Amazon Prime no País

- Flávia Alemi Renato Carvalho Wagner Gomes

Estreia de serviço de gigante americana faz empresas varejistas perderem R$ 5 bilhões.

A chegada ao Brasil do serviço Amazon Prime, da gigante americana de e-commerce, agitou o mercado financeiro brasileiro ontem, castigando as ações das varejistas brasileira­s, que perderam em um só dia mais de R$ 5 bilhões em valor de mercado na B3, a Bolsa paulista. O “efeito Amazon” levou o mercado brasileiro a uma queda de 0,14% no dia, após quatro pregões consecutiv­os de alta. Embora a Amazon esteja presente no Brasil desde 2012, muita gente acredita que o lançamento do Amazon Prime – um serviço que inclui, por R$ 9,90, frete grátis em compras e acesso a serviços de streaming de vídeo, leitura e de música, entre outras vantagens – é a aposta definitiva do site no Brasil.

A combinação de entrega grátis e streaming representa uma diferencia­ção clara para o consumidor. Hoje, o serviço Prime da Americanas.com, por exemplo, custa R$ 79,90 por ano e garante apenas a entrega sem custo.

Como resultado dessa vantagem percebida em relação às rivais, as ações das principais rivais da Amazon foram fortemente castigadas pelos investidor­es. Ontem, o Magazine Luiza puxou as baixas, com perdas de 4,97% no pregão, seguida por B2W (dona de Submarino e Americanas.com, com queda de 4,83%), Via Varejo (3,28%) e Lojas Americanas (3,2%).

O banco Goldman Sachs, em relatório, disse acreditar que as concorrent­es brasileira­s precisarão demonstrar flexibilid­ade e investir para defender sua posição no mercado frente à gigante americana.

“Ainda que a companhia não revele dados de receita no País, nós esperamos que o site esteja entre os dez principais do mercado de e-commerce do Brasil”, escreveram os analistas Irma Sgarz e Thiago Bortolucci.

O medo tem razão de ser, de acordo com Rodrigo Barros, analista da Necton Investimen­tos. O receio é que, com as vantagens oferecidas aos clientes e preços competitiv­os, a empresa use seu poder econômico para ganhar mercado e “quebrar” as concorrent­es. “A Amazon está entrando em um caminho de fidelizaçã­o de clientes e de streaming. É o primeiro passo para crescer.”

Ceticismo. Mas nem todo mundo pensa que o caminho da Amazon será tão fácil. Analistas do Bradesco BBI acreditam que a Amazon terá dificuldad­es para ganhar espaço no e-commerce do Brasil.

“Setenta por cento do mercado está nas mãos de quatro participan­tes. Isso torna a Amazon uma novata num mercado já altamente consolidad­o”, escreveram os analistas Richard Cathcart e Helena Villares, em relatório.

Já Luis Sales, analista da Guide Investimen­tos, disse que o lançamento do Amazon Prime no Brasil naturalmen­te amedronta as concorrent­es no curto prazo, mas ele achou o movimento de venda dos papéis das varejistas locais exagerado.

“O mercado sempre tem medo da Amazon, que afeta as concorrent­es quando ela mostra que está entrando no Brasil. Há um receio do que a empresa poderá trazer ao País em termos de serviços. Mas confesso que acho um movimento um pouco exagerado”, disse Sales.

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