O Estado de S. Paulo

Novo iPhone

- Bruno Capelas Bruno Romani Giovanna Wolf

Apple muda estratégia para deixar celular com ‘cara de mais barato’.

Em ano de altos e baixos, após bater US$ 1 trilhão em valor de mercado e sofrer com baixas vendas de seu principal produto, empresa altera estratégia para deixar celular com ‘cara de mais barato’; companhia também trouxe boas novidades na área de serviços

Como já virou tradição no mundo da tecnologia, a Apple lança novos modelos de iPhone na primeira quinzena de setembro. Ontem não foi diferente: em evento em sua sede na Califórnia, a empresa exibiu ao mundo seus três próximos celulares. São os iPhones 11, 11 Pro e 11 Pro Max, com preços que começam em US$ 700, US$ 1 mil e US$ 1,1 mil nos EUA – lá, as vendas começam no dia 20. Ao ‘Estado’, a Apple confirmou que os três aparelhos “chegam ao Brasil ainda este ano”, sem data ou preço específico. Mas, ao contrário do que o mercado se acostumou a ver, os três aparelhos trazem inovações discretas e um posicionam­ento de marca que reflete os últimos meses da Apple.

A empresa liderada por Tim Cook tem vivido altos e baixos: em agosto de 2018, bateu US$ 1 trilhão em valor de mercado com as boas vendas do iPhone. No início deste ano, viu a festa virar ressaca quando os altos preços do aparelho no mercado internacio­nal resultaram em baixas vendas de seu aparelho e queda das ações na Bolsa.

A primeira resposta a isso foi reduzir a dependênci­a da empresa do iPhone, que chega a ter dois terços da receita da Apple, lançando novos serviços de vídeo e de jogos (ler mais abaixo). A segunda resposta vem agora, com uma nova identidade de marca no iPhone 11.

“Antes, a Apple lançava um iPhone padrão e outro mais barato. Agora, é diferente: há um iPhone padrão, o 11, e outro para profission­ais, com recursos avançados”, diz Eduardo Pellanda, professor da PUC-RS. “Além disso, há versões antigas de iPhone que agora custam US$ 450 nos EUA, o que é um

preço bastante competitiv­o para muitos usuários, mesmo para um aparelho antigo.”

É algo que foi enfatizado pelo vice-presidente de marketing da Apple, Phil Schiller, na apresentaç­ão. “É a primeira vez que chamamos um iPhone de Pro, e não fazemos isso à toa: ele é realmente para usuários muito exigentes.” Evoluções. Em termos de especifica­ções, não há grandes novidades: o iPhone 11, mais barato, traz tela de 6,1 polegadas de LCD, de qualidade inferior às telas de OLED, presente nos modelos mais caros. O iPhone 11 Pro tem 5,8 polegadas de tela; já o iPhone 11 Pro Max tem 6,5 polegadas.

Mas há duas grandes evoluções nos novos iPhones. A principal delas é o processame­nto: o novo chip da empresa promete ser mais rápido que os rivais e, ao mesmo tempo, mais econômico em termos de consumo de bateria. “É uma questão tecnológic­a: se não há evolução de energia ou no tamanho da bateria, o smartphone precisa se tornar mais eficiente”, avalia Renato Franzin, professor da USP.

É graças ao novo chip também que a Apple pode trazer novidades na área de processame­nto de imagens. É algo técnico, mas que pode resultar em fotografia­s mais bonitas. Há evolução também na câmera – os modelos Pro trazem três lentes diferentes, capaz de tirar fotos tanto com zoom quanto com grande amplitude de campo. Já o iPhone 11 tem duas lentes, mas os três aparelhos trazem ainda um modo de fotos para a noite. “Não são coisas exatamente novas, já foram feitas por rivais como Samsung, Google e Huawei, mas a Apple traz isso tudo em uma experiênci­a mais interessan­te”, afirma Pellanda, da PUC-RS.

As duas áreas são uns dos poucos campos em que a Apple pode inovar sozinha no smartphone, sem depender de uma cadeia de fornecedor­es – hoje, as telas do iPhone são feitas pela Samsung; já o sensor de imagem é da Sony. “A empresa busca se destacar onde tem o domínio da tecnologia dentro de casa”, diz o professor da PUC-RS. “O que se viu não foi nada revolucion­ário, mas mostra evolução.”

 ?? JUSTIN SULLIVAN/AFP ??
JUSTIN SULLIVAN/AFP
 ?? JUSTIN SULLIVAN/AFP ?? Mais foco. Principal inovação do novo iPhone 11 Pro são as câmeras de três lentes – grande angular, angular e teleobjeti­va
JUSTIN SULLIVAN/AFP Mais foco. Principal inovação do novo iPhone 11 Pro são as câmeras de três lentes – grande angular, angular e teleobjeti­va
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil