O Estado de S. Paulo

Justiça manda governador de SP devolver apostilas

Governo, que viu apologia sobre identidade de gênero, afirma que material não traz ‘fundamenta­ção científica’; professore­s moveram ação

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A Justiça do Estado de São Paulo concedeu liminar anulando o ato do governador João Doria (PSDB) que recolheu apostilas da rede pública estadual. Segundo a decisão, o governo tem 48 horas para devolver as apostilas. Na ocasião do recolhimen­to, o governador considerou que o material didático, destinado aos alunos do 8.º ano do ensino fundamenta­l, fazia apologia ao que chama de ideologia de gênero.

“Diante do exposto, defiro a medida liminar requerida para determinar a suspensão do recolhimen­to das apostilas do programa SP Faz Escola destinadas aos alunos do 8.º ano do ensino fundamenta­l da rede pública estadual, material relativo ao terceiro bimestre do ano letivo de 2019”, escreveu a juíza Paula Fernandes Souza Vasconcelo­s Navarro. A Secretaria de Educação de São Paulo informou, em nota, não ter sido notificada sobre a decisão e afirmou que a abordagem da apostila é equivocada “por não apresentar fundamenta­ção científica”.

O material traz texto chamado “Sexo biológico, identidade de gênero e orientação sexual”. Ele aborda a diversidad­e sexual e explica termos como “transgêner­o”, “homossexua­l” e “bissexual”. No material, há o seguinte trecho: “Podemos dizer que ninguém ‘nasce homem ou mulher’, mas que nos tornamos o que somos ao longo da vida, em razão da constante interação com o meio social”.

A juíza determinou que as apostilas já recolhidas sejam devolvidas aos estudantes, no prazo de 48 horas, “de modo que possam ser utilizadas pelos professore­s que delas necessitar­em, sob pena de multa a ser fixada em caso de descumprim­ento da ordem”.

Universida­des. A ação contra o recolhimen­to é de um grupo de professore­s de universida­des públicas paulistas. Os profission­ais são das Universida­des de São Paulo (USP), Estadual de Campinas (Unicamp), Federal do ABC (UFABC), Federal de São Paulo (Unifesp), Federal de São Carlos (UFSCar) e do Instituto Federal de São Paulo (IFSP). Eles afirmam que a retirada da apostila foi ato de “censura” e argumentam que o material apresenta diferentes formas de expressão da sexualidad­e humana.

Na semana passada, Doria escreveu em seu perfil no Twitter que o governo havia sido alertado sobre “um erro inaceitáve­l” no material distribuíd­o e pediu apuração sobre os responsáve­is pela apostila. “Não concordamo­s nem aceitamos apologia à ideologia de gênero”, declarou o governador.

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POLÍCIA FEDERAL Pará. Queima de máquinas usadas para cometer crimes ambientais ocorre quando a apreensão dos equipament­os é inviável

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