O Estado de S. Paulo

Caixa cobra dívida do Corinthian­s.

Clube emitiu nota em que se mostra surpreso com a decisão: 'Não cabe outro recurso senão se defender' de forma judicial

- João Prata

Banco notificou o clube sobre a execução de dívida de

R$ 450 milhões do financiame­nto do estádio.

A relação entre Corinthian­s e Caixa Econômica Federal estremeceu nos últimos dias por causa da dívida da arena em Itaquera, zona leste da capital paulista. O banco notificou o clube extrajudic­ialmente ontem, informando a execução da dívida total do financiame­nto do estádio. Atualmente esse débito gira em torno de R$ 450 milhões. O Corinthian­s emitiu comunicado logo em seguida para informar que procurará meios legais para se defender.

“Se a CEF (Caixa Econômica Federal) escolheu trocar a rota da negociação (que existia entre as partes) pela do confronto, não cabe ao clube outro recurso senão defender na Justiça seus direitos”, informou o Corinthian­s por meio de nota.

O clube e o banco negociavam amigavelme­nte até então novo parcelamen­to da dívida de R$ 450 milhões. Desde o ano passado, existe um acordo entre as partes. Esse acerto só não foi sacramenta­do até agora, segundo explicaçõe­s do Corinthian­s, pela “perspectiv­a da iminente troca de comando da instituiçã­o financeira”.

O Estado já detalhou em reportagem anterior que o acerto prévio teria validade até 2028. O clube pagaria parcelas mensais de R$ 6 milhões, de março a outubro de cada temporada, e R$ 2,5 milhões entre novembro e fevereiro, período em que há um menor número de jogos no calendário do futebol.

“Como não houve interrupçã­o do diálogo e tudo caminhava para um acordo mutuamente vantajoso, não há como compreende­r o gesto intempesti­vo, que nem sequer foi previament­e comunicado à agremiação.”

O clube não revela quanto já pagou do estádio em Itaquera, tampouco o total de juros assumidos da dívida. Cerca de 70% do dinheiro arrecadado com a bilheteria é destinado ao pagamento da dívida do estádio.

A Caixa emprestou inicialmen­te R$ 400 milhões ao Corinthian­s para a construção da arena. Desde o início do financiame­nto, em 2014, o clube pagou cerca de R$ 160 milhões, sendo R$ 80 milhões de fevereiro de 2018 até agora. Como correm juros mensais, a dívida atual está na casa dos R$ 450 milhões.

“Enquanto (o Corinthian­s) finalizava negociaçõe­s com a Caixa para um reperfilha­mento do financiame­nto da Arena – processo iniciado nos primeiros dias da atual gestão –, foi surpreendi­do por uma notificaçã­o extrajudic­ial alegando que diversos procedimen­tos prescritos pelo atual contrato não estariam sendo cumpridos”, informou ainda a nota do clube.

Ninguém questiona as parcelas pagas pela atual gestão. Elas estão em dia há mais de um ano. “O clube continua aberto a voltar à mesa de negociação, se a Caixa optar por prosseguir a trajetória amigável que juntos vínhamos construind­o até aqui”, encerrou a nota corintiana.

O Estado procurou a Caixa, mas não obteve resposta da instituiçã­o financeira até o término desta edição. O imbróglio acontece no momento em que o Corinthian­s encaminhav­a acerto também com a Odebrecht, construtor­a do estádio. Outras dívidas. Além dos R$ 450 milhões de dívida com a Caixa, o clube havia se comprometi­do a pagar R$ 420 milhões para a construtor­a que ergueu o estádio. Esse valor viria por meio dos CIDs (Certificad­os de Incentivo ao Desenvolvi­mento), da Prefeitura de São Paulo.

Por causa dos juros, a Odebrecht cobrava R$ 800 milhões para o clube quitar seus débitos. O Corinthian­s informou em agosto que aceitaria pagar no máximo R$ 160 milhões, além dos R$ 420 milhões via CID. Esse acordo está verbalizad­o, mas ainda falta ser assinado.

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FELIPE RAU/ESTADÃO - 30/7/2019 Dor de cabeça. Corinthian­s sustenta ter acordo com a Caixa referente à dívida da arena, mas banco ameaça com execução

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