O Estado de S. Paulo

Grupos já disputam cargo de Valeixo na chefia da Polícia Federal

Considerad­a como certa, saída de diretor-geral movimenta alas ligadas a Bolsonaro e ao ministro da Justiça, Sérgio Moro

- Breno Pires / BRASÍLIA

Com a saída do delegado Maurício Valeixo da direção-geral da Polícia Federal dada como certa, três grupos já disputam internamen­te o comando da instituiçã­o. A movimentaç­ão reflete uma medição de forças entre o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Justiça, Sérgio Moro – a quem a corporação é subordinad­a – pela influência na instituiçã­o.

No Palácio do Planalto, um dos cotados é Anderson Torres, secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, que passou a maior parte da carreira em funções fora da PF.

A prioridade do ministro, no entanto, é manter Valeixo no cargo. Caso não seja possível, o grupo ligado a Moro trabalha para manter o comando do órgão sob a influência do ex-juiz da Lava Jato. O receio é de que, caso um nome de fora assuma, Moro perca a ascendênci­a sobre a PF.

O nome do delegado Fabiano Bordignon, atual diretor do Departamen­to Penitenciá­rio Nacional (Depen), é citado como opção, conforme antecipou a Coluna do Estadão.

Bordignon já foi o chefe da PF em Foz do Iguaçu (PR) e atuou como diretor da penitenciá­ria de Catanduvas (PR) na época em que Moro era juiz corregedor da unidade.

Admitido em 2002 pela PF, ele é citado como possível meio-termo, cenário em que Bolsonaro pretende dar uma “arejada” na instituiçã­o. Desta forma, Moro amenizaria sua derrota por conta da eventual saída de Valeixo mantendo um nome próximo no comando da PF.

Disputa. Uma das questões avivadas com a declaração de Bolsonaro sobre “arejar” a PF é a disputa de gerações para comandar o órgão. Os últimos diretores, incluindo Valeixo, ingressara­m na PF no concurso de 1993. Delegados mais jovens que tentam ascender à cúpula da instituiçã­o veem Valeixo como uma continuida­de da gestão de Leandro Daiello, o mais longevo diretor-geral, que ficou no cargo de 2011 a 2017.

Há duas alas vistas como fortes – ambas encabeçada­s por delegados do concurso de 2002. O primeiro, liderado por Torres, tem Alessandro Moretti, seu secretário adjunto no DF, e o superinten­dente regional da PF no Distrito Federal, Márcio Nunes. Esse grupo tem apoio do ministro da Secretaria-Geral da Presidênci­a, Jorge Oliveira.

O segundo grupo é o do delegado Alexandre Ramagem, atual diretor da Agência Brasileira de Inteligênc­ia (Abin), que se aproximou de Bolsonaro depois de assumir a chefia da equipe de segurança do então candidato, após o atentado a facada na campanha eleitoral ocorrido em setembro passado. Ramagem é aliado de Alexandre Saraiva, superinten­dente da PF no Amazonas, próximo do presidente.

A leitura na PF é de que o presidente está tendo o cuidado de trocar o diretor-geral de maneira que Moro não peça demissão. Bolsonaro foi convencido de que isso não seria bom para o governo por causa da popularida­de do ministro da Justiça.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil