Netanyahu nega que Israel tenha rede para espionar Trump
Reportagem do site ‘Politico’ detalha uso de scanners para interceptar mensagens e ligações de presidente americano
Israel instalou aparelhos para interceptar comunicações de telefones celulares ao redor da Casa Branca – revelou o site do jornal Politico. Segundo a reportagem, funcionários do governo americano acreditam que os israelenses instalaram “scanners” para interceptar chamadas e mensagens de texto. O alvo principal seria o presidente Donald Trump.
Os aparelhos são conhecidos como “StingRays”, que imitam torres de telefonia móvel. Eles enganam os celulares e transmitem sua localização e informações. O equipamento também captura ligações e dados. Segundo o Politico, o Departamento de Segurança Interna dos EUA descobriu os aparelhos de espionagem em 2018, compartilhando a descoberta com as agências federais.
Após análise forense, que estudou o equipamento e seus componentes, os investigadores concluíram que eles provavelmente haviam sido colocados por agentes israelenses. “O objetivo, provavelmente, era espionar o presidente Trump”, disse um ex-funcionário americano ao site.
No entanto, os serviços de inteligência acreditam que o presidente não tenha sido o único alvo. Seus principais ajudantes e colaboradores mais próximos também podem ter sido grampeados. A Casa Branca ainda não sabe, porém, se os esforços israelenses foram bem-sucedidos, segundo o site.
Padrão. Um dos principais aliados dos EUA e de Trump, Israel negou que tenha espionado o governo americano. “Nós não realizamos nenhuma missão de espionagem nos EUA”, garantiu o chanceler israelense, Israel Katz.
O premiê israelense, Binyamin Netanyahu, foi ainda mais incisivo. “Eu tenho uma diretiva: não fazer nenhum trabalho de inteligência nos EUA”, disse Bibi a jornalistas. “E isso é implementado com rigor, sem nenhuma exceção. A reportagem é totalmente fabricada.”
No entanto, agentes do governo americano, que lidam diariamente com informações de inteligência, não acreditaram na justificativa israelense. Segundo especialistas consultados pelo Politico, Israel tem como regra antiga negar que realiza
ações de espionagem nos EUA – uma versão que eles sustentam até mesmo quando a conversa é privada.
Diplomatas e funcionários de governos americanos anteriores, porém, contaram ao site que era comum ouvir de colegas
israelenses expressões e recomendações que constavam apenas em rascunhos e documentos que nunca haviam sido publicados – um sinal de que Israel obtinha informações secretas que eram discutidas em Washington.
De acordo com o Politico, diferentemente de outras ocasiões com incidentes parecidos envolvendo espionagem em território americano, o governo de Trump teve uma reação passiva. “Foi muito diferente daquilo que teria acontecido no último governo (de Barack Obama)”, disse uma fonte.
Trump tem reputação de não ser muito cuidadoso com os protocolos de segurança. Segundo reportagem do Politico de maio de 2018, o presidente usou com frequência um celular sem o padrão de segurança oficial para se comunicar com amigos e aliados. Em outubro do mesmo ano, o New York Times publicou reportagem afirmando que espiões chineses ouviram com frequências telefonemas de Trump.
Na ocasião, o presidente criticou a reportagem, dizendo que ela era “tão incorreta que ele não tinha tempo para corrigila”. Um funcionário da Casa Branca, porém, confirmou que seu celular passou depois por um reforço contra intrusos.