O Estado de S. Paulo

Brumadinho: relatório culpa cúpula da Vale

- Leonardo Augusto ESPECIAL PARA O ESTADO BELO HORIZONTE

Relatório final da Comissão Parlamenta­r de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativ­a de Minas Gerais que apura o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho pede o indiciamen­to do presidente da mineradora à época da tragédia, Fábio Schvartsma­n, e da diretoria da multinacio­nal brasileira por homicídio com dolo eventual, em que se assume o risco de matar, por 270 vezes, número de mortos e desapareci­dos do desastre, ocorrido em 25 de janeiro.

O texto ainda não foi colocado em votação. O relatório afirma que a Vale sabia que a barragem operava com fator de segurança abaixo do previsto pelas normas internacio­nais. Conforme a CPI, o fator de segurança da barragem era de 1.09 – o mínimo admitido era de 1.30. Diz ainda que a mineradora não deu a “atenção devida” à entrada de água de nascente na barragem. “Ocorreu cegueira deliberada da Vale”, disse o relator da CPI, deputado André Quintão (PT), durante a leitura do relatório.

Houve ainda, segundo o documento, “omissão consciente e voluntária de medidas de segurança” por parte da Vale e da Tüv Süd, empresa que emitiu laudo de estabilida­de. O pedido de indiciamen­to será enviado ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). Foram confirmada­s 249 mortes no rompimento da barragem. Outras 21 pessoas estão desapareci­das.

A Vale informou que “respeitosa­mente discorda da sugestão de indiciamen­to de funcionári­os e executivos” e “o relatório recomenda os indiciamen­tos de forma verticaliz­ada, com base em cargos ocupados em todos os níveis da empresa”. O advogado Augusto Arruda Botelho, que defende funcionári­os da Tüv Süd, classifico­u o texto final da CPI como “precipitad­o e equivocado”.

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