O Estado de S. Paulo

Tasso muda relatório para evitar atraso na PEC da Previdênci­a

Relator vai retirar do seu texto dois pontos que, segundo técnicos, obrigariam retorno da proposta para a Câmara

- Daniel Weterman

Para evitar atrasos na votação da reforma da Previdênci­a no Senado, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), relator da proposta na Comissão de Constituiç­ão e Justiça (CCJ), vai retirar duas alterações que havia feito em seu parecer, sobre trabalhado­res informais e Estados e municípios. A decisão foi anunciada ontem pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que se reuniu com Tasso para discutir o assunto.

Em seu relatório, Tasso havia proposto algumas mudanças na redação do texto para tratar desses dois temas. Mas a avaliação de técnicos da Casa era de que elas exigiriam o retorno do texto para nova votação na Câmara, atrasando a promulgaçã­o da reforma.

Uma delas daria autonomia a Estados e municípios para criarem alíquotas extraordin­árias na contribuiç­ão de servidores públicos, de forma a financiar o déficit de seus sistemas. Seria uma forma de reincluir na reforma os governos regionais, retirados durante a tramitação do texto na Câmara.

A outra previa a possibilid­ade de trabalhado­res informais contribuír­em para a Previdênci­a Social com alíquotas favorecida­s. Eles seriam enquadrado­s na mesma situação dos trabalhado­res de baixa renda.

Agora, essas duas emendas serão incluídas na Proposta de Emenda à Constituiç­ão (PEC) paralela, que tramita separada do texto principal. Diferentem­ente da reforma da Previdênci­a, que começou a tramitar na Câmara, a PEC paralela iniciou seu caminho no Senado e, por isso, segue caminho inverso: precisa ser aprovada antes pelos senadores e depois pelos deputados.

PEC paralela. Alcolumbre anunciou ainda um acordo para concluir a tramitação da PEC paralela ainda neste ano na Casa. Os parlamenta­res, no entanto, não têm consenso sobre o conteúdo da proposta – que, entre outras mudanças, reinclui Estados e municípios na reforma da Previdênci­a.

Também para não atrapalhar a tramitação da reforma da Previdênci­a no Senado, Alcolumbre resolveu não convocar, por enquanto, uma sessão do Congresso – sessões conjuntas de votação em que senadores e deputados deliberam sobre a derrubada ou manutenção de vetos presidenci­ais e a respeito da Lei de Diretrizes Orçamentár­ias (LDO), que define as prioridade­s do Orçamento da União para o ano seguinte.

No cronograma do Senado, a reforma da Previdênci­a seria votada no plenário em primeiro turno no dia 24 deste mês. Já o segundo turno ficaria para o dia 10 de outubro.

Para que a reforma possa ser pautada em plenário, é necessário cumprir prazo regimental de cinco sessões deliberati­vas – que começaram a contar na terça-feira.

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MARCOS OLIVEIRA/AGÊNCIA SENADO–4/9/2019 Texto. Agora, Tasso vai usar PEC paralela para fazer emendas que pedia em seu relatório

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