O Estado de S. Paulo

Com novo avião, Embraer tem alta de 5%

- Luciana Dyniewicz Letícia Fucuchima

Desempenho. No dia da entrega do primeiro jato de nova família de aeronaves, banco suíço UBS passou a recomendar compra do papel da fabricante, citando melhorias nas áreas de Defesa e de aviação executiva, que não foram vendidas para a gigante americana Boeing

No dia em que entregou oficialmen­te o primeiro E195E2, o maior jato comercial que já produziu, a Embraer teve seus papéis recomendad­os para compra pelo banco suíço UBS e viu suas ações subirem quase 5% na B3, a Bolsa paulista.

Em relatório, o UBS afirmou que os braços de aviação executiva e defesa da Embraer – que não foram incluídos no acordo de venda para a Boeing – tiveram melhorias que passaram despercebi­das pelos investidor­es. Para os analistas Myles Walton, Louis Raffetto e Emilee Deutchman, as entregas de aviões executivos devem ser maiores no segundo semestre na comparação com o mesmo período de 2018, puxadas pelo Preator, família de aeronaves de médio porte e alcance internacio­nal lançada pela empresa no fim do ano passado.

O relatório também afirma que as margens dos seis primeiros meses de 2019 indicam que a empresa está controland­o melhor os custos. Sobre o segmento de Defesa, os analistas destacam que as entregas do cargueiro militar KC-390 devem começar a trazer resultados à companhia neste segundo semestre.

O banco ainda vê chance de o acordo de venda de 80% do segmento comercial da Embraer para a Boeing ser concluído apenas no início de 2020. A meta

• US$ Investimen­to 1,75 bi foi o valor investido pela fabricante aeronáutic­a no desenvolvi­mento dos E2, nova família de aviões da Embraer que inclui o E195

era finalizá-lo no fim deste ano, mas um atraso pode ocorrer por causa da lentidão dos órgãos regulatóri­os chineses para aprovarem o negócio. Segundo os analistas do UBS, porém, não há “risco significan­te” de bloqueio do acordo.

Avião novo. Com capacidade para até 146 passageiro­s, o E195-E2 tem como chamariz o fato de consumir 25% menos combustíve­l por assento que seu antecessor, o E195. O modelo deve atender a um dos segmentos do mercado que mais cresce, de aeronaves de até 150 passageiro­s.

“Não estamos aqui para competir com as grandes aeronaves de corredor único. Sempre posicionam­os os E-Jets em termos de tamanho e de alcance como complement­ares às aeronaves da Boeing e da Airbus (maiores)”, disse John Slattery, presidente da área de aviação comercial da Embraer, que comandará a Boeing Brasil – Commercial (empresa resultante da venda da Embraer para a Boeing).

No fim do segundo trimestre, a Embraer tinha 124 pedidos firmes para o E195-E2, sendo 51 para a Azul. A companhia aérea brasileira será a primeira a operar o modelo, que foi comprado pela AerCap, maior empresa de arrendamen­to de aviões do mundo.

A Azul pretende começar a voar com o jato em outubro na rota entre Campinas e Brasília. A expectativ­a da empresa é receber mais cinco E195-E2 ainda neste ano. O presidente da companhia, John Rodgerson, indicou que todos os E195 de primeira geração da frota da Azul deverão ser substituíd­os até 2022.

Em coletiva de imprensa, Rodgerson afirmou que a aeronave deve operar também na nova rota da empresa, a ponte aérea entre Congonhas (SP) e Santos Dumont (RJ). Por ser mais eficiente, o E195-E2 poderá ainda viabilizar rotas que antes não eram economicam­ente viáveis. “O David (Neeleman, fundador da Azul) me disse: ‘Tem uma rota em que nossos concorrent­es estão e nós não estamos’. Eu disse: ‘David, estamos esperando o E2’”, afirmou.

Neeleman disse que os E2 poderão permitir passagens mais baratas e acrescento­u que poderá usar os E195 de primeira geração em sua nova companhia, a Moxy, que deve começar a operar em 2021. Com os anúncios, as ações da Azul subiram 5%.

 ?? ROOSEVELT CASSIO/REUTERS ?? Vantagem. Neeleman e Rodgerson, da Azul, com Slatery (Boeing) e Kelly (AerCap): modelo consome 25% menos combustíve­l do que seu antecessor
ROOSEVELT CASSIO/REUTERS Vantagem. Neeleman e Rodgerson, da Azul, com Slatery (Boeing) e Kelly (AerCap): modelo consome 25% menos combustíve­l do que seu antecessor

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil