Deputado reforça ‘oferta’ por criminoso
O deputado estadual Capitão Assumção (PSL) afirma não se incomodar com a repercussão que gerou ao oferecer R$ 10 mil para quem matar o criminoso que, na madrugada de quarta-feira, assassinou uma mulher que estava acompanhada da filha de 4 anos. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, a Polícia Militar foi acionada para atender uma ocorrência de invasão de residência seguida de tiros em Cariacica, no Espírito Santo. “Não tiro uma vírgula. Só me arrependo de não ter mais dinheiro para oferecer”, disse o deputado ao Estado.
No mesmo dia do assassinato, Capitão Assumção foi à tribuna da Assembleia e lançou a “oferta”. “Quero ver quem é que vai correr atrás para prender esse vagabundo”, disse, apontando para uma foto da mulher executada reproduzida no telão do plenário. “Dez mil reais do meu bolso para quem mandar matar esse vagabundo. Ele não merece estar vivo, não.”
Ele seguiu. “Tem de entregar o cara morto, aí eu pago. Vagabundo que tira vida de inocente vai usar o sistema para ser beneficiado? A gente tem de parar com isso de achar que preso é gente boa.” O deputado havia compartilhado o discurso em sua conta no Facebook e no Instagram. Ontem, porém, as duas plataformas excluíram o material e o deputado foi ainda bloqueado pelo Facebook por um prazo de 30 dias.
Após a exclusão do vídeo das redes sociais, o deputado disponibilizou o vídeo por WhatsApp a todos os interessados. “A recompensa para quem matar o assassino da jovem está de pé.”
Natural de Ecoporanga, a 305 quilômetros da capital Vitória, Lucínio Castelo de Assumção já foi deputado federal pelo PSB entre os anos de 2009 e 2011. Ele assumiu o cargo após a renúncia do deputado Neucimar Fraga. Atualmente, Capitão Assumção exerce seu primeiro mandato de deputado estadual, eleito em 2018 com 27.744 votos.
“Eu cheguei aqui na Assembleia por essa indignação do brasileiro. Eu represento na Assembleia a voz do brasileiro indignado com a forma como o cidadão é tratado”, afirma Assumção.
Para a diretora de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil no Espírito Santo, Flávia Brandão, violência não se combate com violência. “De um representante do Poder Legislativo se espera mais responsabilidade, e não o incentivo à barbárie. Esse deputado deve primeiramente respeitar as leis e a Justiça, além de trabalhar para aprimorar os mecanismos de segurança pública existentes.”
“Estamos vivendo a barbárie faz tempo”, rebate Capitão Assumção.
Sem arrependimento
“Não tiro uma vírgula (do que disse antes na tribuna da Assembleia). Só me arrependo de não ter mais dinheiro para oferecer.” Capitão Assumção (PSL) DEPUTADO ESTADUAL