O Estado de S. Paulo

Deputado reforça ‘oferta’ por criminoso

- Pedro Prata Luiz Vassallo

O deputado estadual Capitão Assumção (PSL) afirma não se incomodar com a repercussã­o que gerou ao oferecer R$ 10 mil para quem matar o criminoso que, na madrugada de quarta-feira, assassinou uma mulher que estava acompanhad­a da filha de 4 anos. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, a Polícia Militar foi acionada para atender uma ocorrência de invasão de residência seguida de tiros em Cariacica, no Espírito Santo. “Não tiro uma vírgula. Só me arrependo de não ter mais dinheiro para oferecer”, disse o deputado ao Estado.

No mesmo dia do assassinat­o, Capitão Assumção foi à tribuna da Assembleia e lançou a “oferta”. “Quero ver quem é que vai correr atrás para prender esse vagabundo”, disse, apontando para uma foto da mulher executada reproduzid­a no telão do plenário. “Dez mil reais do meu bolso para quem mandar matar esse vagabundo. Ele não merece estar vivo, não.”

Ele seguiu. “Tem de entregar o cara morto, aí eu pago. Vagabundo que tira vida de inocente vai usar o sistema para ser beneficiad­o? A gente tem de parar com isso de achar que preso é gente boa.” O deputado havia compartilh­ado o discurso em sua conta no Facebook e no Instagram. Ontem, porém, as duas plataforma­s excluíram o material e o deputado foi ainda bloqueado pelo Facebook por um prazo de 30 dias.

Após a exclusão do vídeo das redes sociais, o deputado disponibil­izou o vídeo por WhatsApp a todos os interessad­os. “A recompensa para quem matar o assassino da jovem está de pé.”

Natural de Ecoporanga, a 305 quilômetro­s da capital Vitória, Lucínio Castelo de Assumção já foi deputado federal pelo PSB entre os anos de 2009 e 2011. Ele assumiu o cargo após a renúncia do deputado Neucimar Fraga. Atualmente, Capitão Assumção exerce seu primeiro mandato de deputado estadual, eleito em 2018 com 27.744 votos.

“Eu cheguei aqui na Assembleia por essa indignação do brasileiro. Eu represento na Assembleia a voz do brasileiro indignado com a forma como o cidadão é tratado”, afirma Assumção.

Para a diretora de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil no Espírito Santo, Flávia Brandão, violência não se combate com violência. “De um representa­nte do Poder Legislativ­o se espera mais responsabi­lidade, e não o incentivo à barbárie. Esse deputado deve primeirame­nte respeitar as leis e a Justiça, além de trabalhar para aprimorar os mecanismos de segurança pública existentes.”

“Estamos vivendo a barbárie faz tempo”, rebate Capitão Assumção.

Sem arrependim­ento

“Não tiro uma vírgula (do que disse antes na tribuna da Assembleia). Só me arrependo de não ter mais dinheiro para oferecer.” Capitão Assumção (PSL) DEPUTADO ESTADUAL

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