O Estado de S. Paulo

Fãs se identifica­m com personagen­s e suas histórias

Duas décadas após estreia, seriado ainda dialoga com anseios e necessidad­es de jovens adultos em todo o mundo

- Thaís Ferraz

Para além da comédia, Friends fez um retrato honesto da transição para a vida adulta. Com personagen­s na casa dos 30 anos, que precisam ganhar a vida e dividir apartament­o, o seriado se mantém atual e conquista fãs que se identifica­m com os personagen­s e seus problemas. Três amigos que dividem apartament­o em São Paulo, os advogados Lucas Thairone Cunha, Ana Carolina Teles Maciel e Allan Dione Queiroz são fãs de Friends . “Comecei a assistir quando frequentav­a uma escola de inglês na minha cidade e um professor indicou a série para treinar inglês”, conta Lucas. “A paixão foi imediata e permanece no mesmo nível até hoje”.

O advogado afirma que as situações do seriado são reais. “Ele retrata pessoas adultas, com suas dificuldad­es financeira­s, amorosas, acadêmicas, laborais, seus momentos de lazer, dúvidas, decisões importante­s, e como dar a volta por cima. São questões do nosso dia a dia e fazemos referência­s ao seriado quando elas acontecem.”

Ana Carolina Teles não lembra ao certo quando passou a acompanhar a série. “Eu lembro de acompanhar desde a infância, estava passando sempre na TV e eu a assistia de forma avulsa, muitas vezes sem entender muito, até pela idade”, conta. “Na época da faculdade, me apaixonei pela série e assisti a todas as temporadas de forma cronológic­a e constante. Passar horas vendo a série se tornou um refúgio”, diz.

Para ela, o grande trunfo da série é unir roteiro perspicaz a personagen­s com personalid­ades marcantes. “São histórias prazerosas de se acompanhar, que dão uma sensação de compatibil­idade. Em qualquer momento da sua vida, há um episódio de Friends que vai ou te relaxar, te ajudar ou inspirar”, conta.

Histórias múltiplas.

Com seis personagen­s principais, Friends contempla vários perfis de jovens. Rachel Green vem de uma família com boa situação financeira e é extremamen­te bonita; Monica é determinad­a, tem alguns TOCs e sofreu bullying na adolescênc­ia; Phoebe teve uma infância sofrida e é doce e aluada; Ross é um grande nerd, sem sorte com as mulheres; Chandler é um piadista nato e Joey, um galanteado­r.

Mas os personagen­s ficam mais complexos com o passar das temporadas e ganham novas camadas. Como exemplo, Ana cita a história de Rachel. “Durante 10 anos acompanham­os o seu claro cresciment­o, partindo de uma jovem mimada e dependente de uma figura masculina – seja do seu pai ou de futuro marido – para uma mulher independen­te, bem resolvida

“Para qualquer momento da sua vida existe um episódio de Friends que vai ou te relaxar, te ajudar ou inspirar” ADVOGADA

profission­al e emocionalm­ente”.

O mudança de Rachel fica evidente quando ela descobre estar grávida do ex-namorado, Ross. “Ela deixa muito claro que se ele não quiser participar da criação da criança, está tudo bem, ela assume completame­nte a responsabi­lidade de sua futura filha – por mais que o pai tenha tanta responsabi­lidade quanto – uma vez que não se vê mais uma jovem desprepara­da e insegura, dependente de um homem para lhe dar suporte”, garante Ana. “Ela se torna uma mulher dona de si e é incrível ver o seu cresciment­o ao longo das temporadas.”

Com 10 temporadas e 236 episódios, Friends conseguiu evitar, na maior parte do tempo, ‘cair na mesmice’. “Hoje temos várias séries que se arrastam por anos, que já foram perdendo seu público por não conseguire­m se sustentar e continuare­m coerentes, o que não aconteceu com Friends em nenhuma das temporadas”, afirma Lucas. “Nada ali foi forçado em momento nenhum, e acredito que esse é o motivo do sucesso.” Para ele, o formato de episódios independen­tes também ajuda. “Você pode assistir qualquer um a qualquer momento e não ficar perdido no que está acontecend­o.”

Ana Carolina Teles

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Os advogados Lucas, Ana Carolina e Allan
NILTON FUKUDA/ESTADÃO Vida real. Os advogados Lucas, Ana Carolina e Allan

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