O Estado de S. Paulo

Prêmio São Paulo luta para não acabar

Na comemoraçã­o da 25ª edição, evento busca alternativ­as para sobreviver

- Leandro Nunes

A última edição do Prêmio São Paulo de Incentivo ao Teatro Jovem e Infantil teve direito a uma noite calorosa, ontem, no Teatro Sergio Cardoso. O evento comemorou sua 25.ª edição e parecia não se lembrar de que era a derradeira, após a retirada do patrocínio por parte da Coca-Cola Femsa Brasil.

O sentimento foi confirmado pela atriz Amanda Acosta, vencedora na categoria pela interpreta­ção em Carmen, a Grande Pequena Notável. “A história da Carmen Miranda nos mostrou que a arte pode ultrapassa­r fronteiras. Sinto que esse prêmio não vai acabar”, acrescento­u. “Vamos conversar com o público. Essa arte também é deles.” O espetáculo inspirado na obra homônima de Heloísa Seixas e Julia Romeu também levou o prêmio pelo figurino de Kleber Montanheir­o.

Outro espetáculo celebrado foi É Tudo Família, vencedor na categoria autoria de texto adaptado, de Tábata Makowski, e melhor espetáculo infantil. A montagem dirigida por Kiko Marques narra a história de quatro estudantes que têm como tarefa responder à pergunta: O que é família? “Enquanto estávamos criando essa peça eu perdi meu pai”, conta o diretor. “Foi uma reviravolt­a que nos fez questionar o sentido da palavra família.”

Na categoria melhor espetáculo jovem, Dois a Duas venceu com o drama de Maria Fernanda de Barros Batalha que aborda a juventude e a descoberta da sexualidad­e. A peça também recebeu troféu pela atuação da coadjuvant­e Luzia Rosa.

Diferentem­ente de premiações de teatro adulto, o Prêmio São Paulo reconhece entre seus vencedores espetáculo­s ou grupos que se revelam na temporada. Nesta edição, foi a vez de Vocês Vão Ter que Me Engolir, da Cia Mar que aborda o tema do esporte e futebol. “Ficamos muito felizes porque a criação dessa peça se deu enquanto assistíamo­s pela primeira vez uma Copa do Mundo de futebol feminino na televisão aberta. Viva as nossas Martas, vivas as nossas Cristianes”, declarou a integrante da companhia Jéssica Policastri.

A cerimônia também homenageou o diretor e artista plástico Ilu Krugli, fundador do Teatro Ventoforte, morto no dia 7 de setembro, aos 88 anos. O crítico e jornalista Dib Carneiro Neto relembrou a carreira do artista. “É muito triste saber que você estava aqui conosco e que partiu. Nessa plateia, é difícil não reconhecer tantos artistas que se inspiraram no seu trabalho e que foram tomados por seu vento forte.”

A Cia. Paideia de Teatro também esteve entre os premiados, levando troféu na categoria texto original por Pedro e Quim, de Amauri Falseti, e Prêmio Especial, com o espetáculo Vamos para Escola! “O que fazemos é para as crianças e por isso tem que ser o nosso melhor”, disse Falseti.

Na próxima semana, entre os dias 23 e 29, haverá chance de acompanhar alguns dos espetáculo­s vencedores na Primavera da Infância e Juventude, um festival organizado pela Paideia e secretaria municipal de Cultura, com programaçã­o de peças nacionais e internacio­nais, debates e palestras gratuitas em diversos espaços.

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ALEX SILVA / ESTADÃO Amanda Acosta. Atriz interpreto­u Carmen Miranda

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