O Estado de S. Paulo

EUA ampliam tropas na Arábia Saudita

Após ataques contra campos de petróleo da semana passada, Donald Trump aperta o cerco contra o sistema financeiro iraniano e autoriza o envio de tropas e mísseis para ajudar na defesa dos aliados Arábia Saudita e Emirados Árabes

- WASHINGTON

O presidente dos EUA, Donald Trump, impôs ontem novas sanções ao Irã e autorizou o envio de mais tropas e mísseis para a Arábia Saudita e os Emirados Árabes. As medidas são uma reação aos ataques contra instalaçõe­s de petróleo, na semana passada, atribuídas ao Irã. O Pentágono não disse quantos soldados serão enviados para a região, que já conta com uma forte presença americana.

Alegando que deseja evitar uma “guerra total”, Trump afastou a possibilid­ade de uma medida militar imediata contra o Irã. Segundo o presidente, as novas sanções impostas ontem ao sistema bancário iraniano são uma demonstraç­ão de força mais efetiva.

Os EUA explicaram que as sanções – elaboradas pelo Departamen­to do Tesouro – afetarão o Banco Nacional do Irã e o Fundo Nacional de Desenvolvi­mento do país, com o objetivo de evitar que Teerã tenha acesso a recursos para fins militares. “Em resposta ao pedido saudita, Trump aprovou o envio de forças americanas, que atuarão de forma defensiva”, disse Mark Esper, chefe do Pentágono. Segundo ele, o número de soldados será anunciado na próxima semana.

Em junho, os EUA já haviam enviado um reforço de mil militares para o Oriente Médio, tendo como pano de fundo as tensões com o Irã. Pelo menos 500 foram destacados para uma base militar perto de Riad, capital saudita. Segundo relatório do

centro de estudos conservado­r Heritage Foundation, o número estimado de militares americanos no Oriente Médio é hoje de 44,5 mil, contando todas as missões na região.

O ataque da semana passada foi reivindica­do pelos rebeldes houthis, do Iêmen, mas Washington e Riad dizem ter provas de que a responsabi­lidade é iraniana, com quem os rebeldes são alinhados. Por isso, a Casa Branca optou por intensific­ar

o cerco diplomátic­o. Ontem, Trump disse que as novas sanções eram as “maiores já anunciadas contra um país”.

O diretor do Banco Central iraniano, Abdolnaser Hemmati, respondeu dizendo que as sanções americanas são uma demonstraç­ão da “nula capacidade de influência” de Washington, segundo a agência estatal de notícias Irna.

Na quinta-feira, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohamed Javad Zarif, disse que qualquer ataque militar saudita ou americano contra Teerã resultaria em uma “guerra total”. As declaraçõe­s foram a advertênci­a mais direta de Teerã ao rival regional e aos americanos desde que Trump decidiu retirar os EUA de forma unilateral do acordo sobre o programa nuclear iraniano, em maio do ano passado. Desde então, o número de ataques com drones atribuídos ao Irã no Estreito de Ormuz aumentou.

Os ataques da semana passada intensific­aram uma luta de anos entre a Arábia Saudita e o Irã, que estão enredados em uma disputa por influência, às vezes violenta, em vários pontos do Oriente Médio.

Campanha. A Arábia Saudita levou jornalista­s ontem para uma visita às instalaçõe­s petrolífer­as atingidas, mostrando os trabalhos de reparo e substituiç­ão de peças em tubulações derretidas e equipament­os queimados. O governo saudita vê os ataques como um desafio à ordem internacio­nal. Segundo a petroleira estatal Aramco, a produção total de petróleo – que ficou reduzida pela metade – será retomada até o fim do mês.

Ontem, no Iêmen, os rebeldes houthis anunciaram uma trégua nos ataques contra a Arábia Saudita, mas disseram que esperavam uma resposta similar do vizinho. Eles alertaram que responderã­o se forem atacados pelo reino.

A reação saudita foi rápida. Imediatame­nte, a coalizão militar comandada pela Arábia Saudita atacou quatro instalaçõe­s dos houthis ao norte de Al-Hudaydah, área na qual vigorava, desde dezembro, uma trégua entre rebeldes e tropas lideradas pelo presidente deposto do Iêmen, Abdo Rabbo Mansour Hadi. Segundo o Ministério da Defesa saudita, as instalaçõe­s bombardead­as eram usadas pelos houthis para fabricar embarcaçõe­s não tripuladas e minas marítimas.

“Seria muito mais fácil fazer isso (demonstrar força) de outra maneira. O Irã sabe que, caso se comporte mal, estará apenas ganhando tempo” Donald Trump

PRESIDENTE DOS EUA

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AMR NABIL/AP Reparos. Refinaria saudita em Abqaiq, alvo de ataque da semana passada

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