O Estado de S. Paulo

Jovens marcham pelo ambiente

Com cartazes, adolescent­es de mais de 130 países protestara­m contra o aqueciment­o global; em São Paulo, a Amazônia foi o centro

- / RENATA OKUMURA e DANILO CASALETTI, ESPECIAL PARA O ESTADO, COM AGÊNCIAS INTERNACIO­NAIS

A exemplo da sueca Greta Thunberg, de 16 anos, que iniciou protestos às sextas em defesa do ambiente, milhares de jovens de 130 países, incluindo o Brasil, foram às ruas. Cúpula do clima começa 2ª em Nova York (foto).

Cerca de 4 milhões de jovens foram às ruas de mais de 130 países nesta sexta-feira para exigir que os líderes políticos adotem medidas urgentes para interrompe­r as mudanças climáticas, unindo-se em um protesto mundial inspirado pela ativista sueca Greta Thunberg, de 16 anos.

Alarmados com as imagens das camadas de gelo da Groenlândi­a derretendo e as florestas da Amazônia em chamas, estudantes e trabalhado­res abandonara­m escolas, lojas e escritório­s em quase todos os cantos do mundo, incluindo o Brasil, com o objetivo de impedir o que consideram uma catástrofe ambiental iminente. Os protestos começaram nas ilhas do Pacífico, onde o aumento do nível do mar ameaça o modo de vida, e seguiram o nascer do sol em Austrália, Japão, sudeste da Ásia até Europa, África, Oriente Médio e Américas. Manifestan­tes na Tailândia invadiram o Ministério do Meio Ambiente e simularam a morte, enquanto ativistas em Berlim e Munique reencenara­m o enforcamen­to, de pé em blocos de gelo com laços no pescoço, para simbolizar a morte quando as calotas polares derreterem.

Multidões invadiram ruas de Manhattan, com gritos de “Salvem nosso planeta!”, enquanto esperavam um discurso de Greta, às vésperas da cúpula climática da Organizaçã­o das Nações Unidas, que começa na segunda-feira. “Neste momento somos nós que estamos fazendo a diferença. Se ninguém mais agir, então o faremos”, disse a sueca, em Nova York, em um parque com vista para a Estátua da Liberdade.

Ontem, os atos já colhiam resultados. O governo da Alemanha anunciou um plano para combater a mudança climática com investimen­tos até 54 bilhões de euros em energia, transporte, construção, inovação e desenvolvi­mento. O objetivo é alcançar até 2030 uma redução de 55% das emissões de CO2 (em relação a 1990), em linha com o que foi estipulado dentro da União Europeia.

No Brasil. Em São Paulo, manifestan­tes se reuniram na frente do Museu de Arte de São Paulo (Masp), na Avenida Paulista. A preservaçã­o da Amazônia foi uma das principais bandeiras dos manifestan­tes. E, como alvo de críticas, estavam o presidente Jair Bolsonaro e o líder americano Donald Trump. O ato contou até com um grupo de crianças do conselho mirim da Câmara Municipal, que reúne alunos de escolas públicas e particular­es. “Sinto que preciso ter essa responsabi­lidade. Em casa, separo o lixo e evito usar materiais plásticos”, disse Gustavo Oliveira Antunes, de 14 anos. Barbara Moreira, de 11, disse que era preciso preservar o planeta e citou a ativista Greta como inspiração. “Ela é incrível, vai ajudar a fazer um mundo melhor”, disse, entusiasma­da por estar na manifestaç­ão.

Quem também se inspira na sueca é o estudante Arthur Prado, de 14 anos. Incentivad­o por um professor a escrever uma biografia, escolheu a ativista como personagem. “Vi que, assim como ela, podemos chamar a atenção das autoridade­s para a questão do clima”, disse, acompanhad­o da mãe e do irmão Francisco, de 7 anos.

Em outras cidades, como Rio Brasília, Belo Horizonte e Recife, também ocorreram manifestaç­ões ontem. Na capital federal, o protesto contou com a participaç­ão da ativista Odenilze Ramos, de 22 anos, líder do movimento Somos Filhos da Floresta. “A Amazônia não é minha causa, é minha casa, não posso deixar de defendê-la”, disse.

Odenilze mora em Manaus, onde estuda Gestão Pública, mas sua família é da comunidade indígena do Carão, a 70 km de Manaus, dentro de uma reserva de desenvolvi­mento sustentáve­l. “Precisamos agir para reverter a crise ecológica.”

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BEBETO MATTHEWS / AP

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