Jovens marcham pelo ambiente
Com cartazes, adolescentes de mais de 130 países protestaram contra o aquecimento global; em São Paulo, a Amazônia foi o centro
A exemplo da sueca Greta Thunberg, de 16 anos, que iniciou protestos às sextas em defesa do ambiente, milhares de jovens de 130 países, incluindo o Brasil, foram às ruas. Cúpula do clima começa 2ª em Nova York (foto).
Cerca de 4 milhões de jovens foram às ruas de mais de 130 países nesta sexta-feira para exigir que os líderes políticos adotem medidas urgentes para interromper as mudanças climáticas, unindo-se em um protesto mundial inspirado pela ativista sueca Greta Thunberg, de 16 anos.
Alarmados com as imagens das camadas de gelo da Groenlândia derretendo e as florestas da Amazônia em chamas, estudantes e trabalhadores abandonaram escolas, lojas e escritórios em quase todos os cantos do mundo, incluindo o Brasil, com o objetivo de impedir o que consideram uma catástrofe ambiental iminente. Os protestos começaram nas ilhas do Pacífico, onde o aumento do nível do mar ameaça o modo de vida, e seguiram o nascer do sol em Austrália, Japão, sudeste da Ásia até Europa, África, Oriente Médio e Américas. Manifestantes na Tailândia invadiram o Ministério do Meio Ambiente e simularam a morte, enquanto ativistas em Berlim e Munique reencenaram o enforcamento, de pé em blocos de gelo com laços no pescoço, para simbolizar a morte quando as calotas polares derreterem.
Multidões invadiram ruas de Manhattan, com gritos de “Salvem nosso planeta!”, enquanto esperavam um discurso de Greta, às vésperas da cúpula climática da Organização das Nações Unidas, que começa na segunda-feira. “Neste momento somos nós que estamos fazendo a diferença. Se ninguém mais agir, então o faremos”, disse a sueca, em Nova York, em um parque com vista para a Estátua da Liberdade.
Ontem, os atos já colhiam resultados. O governo da Alemanha anunciou um plano para combater a mudança climática com investimentos até 54 bilhões de euros em energia, transporte, construção, inovação e desenvolvimento. O objetivo é alcançar até 2030 uma redução de 55% das emissões de CO2 (em relação a 1990), em linha com o que foi estipulado dentro da União Europeia.
No Brasil. Em São Paulo, manifestantes se reuniram na frente do Museu de Arte de São Paulo (Masp), na Avenida Paulista. A preservação da Amazônia foi uma das principais bandeiras dos manifestantes. E, como alvo de críticas, estavam o presidente Jair Bolsonaro e o líder americano Donald Trump. O ato contou até com um grupo de crianças do conselho mirim da Câmara Municipal, que reúne alunos de escolas públicas e particulares. “Sinto que preciso ter essa responsabilidade. Em casa, separo o lixo e evito usar materiais plásticos”, disse Gustavo Oliveira Antunes, de 14 anos. Barbara Moreira, de 11, disse que era preciso preservar o planeta e citou a ativista Greta como inspiração. “Ela é incrível, vai ajudar a fazer um mundo melhor”, disse, entusiasmada por estar na manifestação.
Quem também se inspira na sueca é o estudante Arthur Prado, de 14 anos. Incentivado por um professor a escrever uma biografia, escolheu a ativista como personagem. “Vi que, assim como ela, podemos chamar a atenção das autoridades para a questão do clima”, disse, acompanhado da mãe e do irmão Francisco, de 7 anos.
Em outras cidades, como Rio Brasília, Belo Horizonte e Recife, também ocorreram manifestações ontem. Na capital federal, o protesto contou com a participação da ativista Odenilze Ramos, de 22 anos, líder do movimento Somos Filhos da Floresta. “A Amazônia não é minha causa, é minha casa, não posso deixar de defendê-la”, disse.
Odenilze mora em Manaus, onde estuda Gestão Pública, mas sua família é da comunidade indígena do Carão, a 70 km de Manaus, dentro de uma reserva de desenvolvimento sustentável. “Precisamos agir para reverter a crise ecológica.”