O Estado de S. Paulo

Flávio recorre outra vez ao Supremo no caso Queiroz

Ministro Gilmar Mendes é sorteado para ser relator da reclamação contra decisões da Justiça no Rio de Janeiro

- / LUIZ VASSALLO, RICARDO GALHARDO e FAUSTO MACEDO

Tramita em segredo de justiça no Supremo Tribunal Federal, sob relatoria do ministro Gilmar Mendes, uma nova reclamação do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) contra decisões da Justiça do Rio nas investigaç­ões do caso Queiroz – que apura suposto esquema de “rachadinha” (quando um servidor repassa parte ou a totalidade de seu salário ao político que o contratou) no gabinete do filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro à época em que exercia mandato na Assembleia Legislativ­a do Rio de Janeiro.

Na reclamação, o advogado Frederick Wassef volta a requerer a “imediata suspensão de todos os atos e procedimen­tos em curso” na investigaç­ão que chegou a quebrar o sigilo do senador. A defesa argumenta que a Justiça do Rio vem descumprin­do a determinaç­ão ministro Dias Toffoli, presidente do STF, que suspendeu investigaç­ões com base em relatórios do antigo Conselho de Controle de Atividades Financeira­s (Coaf) obtidos sem autorizaçã­o judicial. Procurado ontem, Wassef não foi localizado.

As investigaç­ões estão suspensas desde 16 de julho em razão da decisão de Toffoli, que acolheu pedido liminar da defesa de Flávio. No entanto, o advogado do senador afirmou ao Supremo que o Tribunal de Justiça do Rio incluiu habeas corpus relacionad­os ao caso na pauta, sob a alegação de que a decisão de Toffoli “não se aplica ao caso”.

A defesa ressaltou que a pendência de julgamento dos embargos de declaração opostos pela Procurador­ia Geral da República contra a decisão de Toffoli “não seria justificat­iva a impedir a suspensão da tramitação das investigaç­ões sobre o parlamenta­r”.

Para Toffoli, em decisão tomada no dia 2 de setembro, como a defesa apontava “suposto descumprim­ento de decisão” com repercussã­o geral por ele adotada, o correto seria redistribu­ir os autos a outro ministro, na forma de uma reclamação – recurso cabível nesses casos. No dia seguinte ao despacho do presidente do Supremo, o caso foi distribuíd­o ao ministro Gilmar Mendes.

Na semana passada, Flávio obteve uma vitória. A procurador­a de Justiça Soraya Taveira Gaya deu parecer favorável para que o senador tenha foro especial no caso. A manifestaç­ão da procurador­a, no entanto, foi criticada por promotores que investigam Flávio. Segundo eles, em 1999 “foi abolida do direito brasileiro a perpetuaçã­o do foro por prerrogati­va de função após o término do mandato eleitoral”. “Portanto, há pelo menos duas décadas os deputados estaduais não são mais julgados originaria­mente pelos Tribunais de Justiça depois de cessado o exercício da função.”

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