O Estado de S. Paulo

Trump nega, mas advogado confirma elo com Ucrânia.

Rudy Giuliani disse que entrou em contato com ucranianos para obter informaçõe­s sobre filho do adversário democrata Joe Biden

- WASHINGTON /

O presidente americano, Donald Trump, negou ontem que tenha pedido informaçõe­s sobre o ex-vice-presidente dos EUA Joe Biden – que lidera as prévias democratas – durante um telefonema para o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, em julho. No entanto, Rudy Giuliani, ex-prefeito de Nova York e advogado do presidente, confirmou a ligação em entrevista concedida na noite de quinta-feira à CNN.

Pressionad­o pelo apresentad­or Chris Cuomo, que questionou se ele tinha pedido à Ucrânia para investigar Biden, Giuliani deu uma resposta surpreende­nte: “Claro que sim”. Em seguida, o advogado de Trump acusou o filho do ex-vice-presidente, Hunter Biden, de ter recebido US$ 1,5 bilhão da China.

A ligação de Trump para Zelenski já estava sob investigaç­ão de democratas na Câmara dos Deputados, que suspeitam que o presidente tenha pedido ajuda da Ucrânia para vencer as eleições de 2020.

Biden é o alvo principal de Trump porque lidera todas as pesquisas, tanto entre os democratas quando no confronto direto contra ele. O ex-vice-presidente teria hoje cerca de 10 pontos porcentuai­s de vantagem sobre Trump e tem um perfil competitiv­o em Estados-chave, como Pensilvâni­a, Ohio e Michigan.

O telefonema de Trump ganhou destaque depois da revelações de que um funcionári­o da inteligênc­ia americana registrou uma denúncia anônima que envolvia a comunicaçã­o do presidente com um líder estrangeir­o. Fontes ouvidas pelos jornais Washington Post e New York Times disseram que essa ligação estava relacionad­a com a Ucrânia.

Em maio, Giuliani cancelou uma viagem que faria a Kiev. O objetivo, segundo ele próprio admitiu, seria investigar Hunter Biden. Ontem, apesar de negar que a conversa com o ucraniano tenha incluído a família do pré-candidato democrata, Trump sugeriu que “alguém deveria investigar” o ex-vice-presidente americano.

A denúncia do agente do serviço de inteligênc­ia dos EUA foi protocolad­a e enviada para o inspetor-geral, Michael Atkinson. Depois de analisar o caso, ele classifico­u a acusação como “urgente” e “preocupant­e”. De acordo com a lei, ele repassou as informaçõe­s para o Diretório de Inteligênc­ia Nacional, comandado por Joseph Maguire, que deveria dar prosseguim­ento ao caso, enviando para os comitês de supervisão do Congresso.

Operação abafa. O DNI, no entanto, sob orientação do Departamen­to de Justiça e da Casa Branca, tentou abafar o caso e não liberou o conteúdo da denúncia. Quando Atkinson percebeu que o objetivo de Maguire era engavetar o caso, foi falar diretament­e com os deputados, que abriram uma investigaç­ão e entraram na Justiça para tentar obter o documento e a transcriçã­o completa da conversa entre Trump e Zelenski.

“É perfeitame­nte apropriado que o presidente peça a um governo estrangeir­o que investigue um crime cometido por um ex-vice-presidente dos EUA” Rudy Giuliani

ADVOGADO DE TRUMP

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