O Estado de S. Paulo

‘NOSSO FUTURO ESTÁ SENDO TIRADO’, ALERTA GRETA

Jovem inspiração cruzou Atlântico; indígena brasileira também discursou

- Giovana Girardi* Paulo Beraldo ENVIADOS ESPECIAIS NOVA YORK

“Porque parece que você precisa se lembrar de como gelo derretendo se parece.” A frase enigmática em um cartaz puxou o olhar da repórter para cima, que viu um bloco de gelo, pendurado numa estaca, derretendo no calor de quase 30ºC que fez em Nova York nesta sexta-feira. O protesto solitário do italiano radicado nos Estados Unidos Lorenzo Fonda, de 40 anos, se somou ao de cerca de 250 mil pessoas – segundo estimativa dos organizado­res – que se manifestar­am pelas ruas da cidade para pedir ações urgentes de governante­s contra as mudanças climáticas.

Os atos foram o ápice de um movimento que começou em agosto do ano passado com Greta Thunberg, então com 15 anos, que, indignada com o que aprendia sobre mudanças climáticas, resolveu ela mesma tomar uma ação.

Passou, então, a fazer greve escolar todas as sextas-feiras para ir à frente do Congresso em Estocolmo e pedir que os líderes do país tomassem medidas concretas para evitar que o planeta sofra consequênc­ias ainda piores do que as que já estão ocorrendo. O protesto silencioso dela logo se transformo­u em um movimento mundial e bem barulhento – as chamadas “Fridays for Future”.

“Por que estudar por um futuro que está sendo tirado de nós? Um futuro que está sendo roubado para que alguns lucrem”, disse ela nesta sexta, em um palanque montado no Battery Park, no sul da ilha de Manhattan, para onde todos os manifestan­tes se dirigiram após marcharem pelo centro da cidade.

“Alguns nos dizem que deveríamos estudar para nos tornarmos cientistas do clima, políticos, mas até lá será tarde demais, não podemos esperar”, afirmou, levantando o público que, por mais de cinco horas, se manifestou de modo animado, pacífico, mas com mensagens firmes. As palavras de ordem eram principalm­ente: “Não há um planeta B”, “Nossa casa está queimando” e “Justiça climática já”, em referência ao fato de que são os mais pobres que mais sofrem.

Diversos jovens e adultos subiram ao palco, incluindo a jovem indígena brasileira Artemisa Xakriabá, de Minas, de 19 anos. “Não existe diferença entre uma jovem indígena como eu e uma jovem sueca como a Greta. Nosso futuro está conectado pelas mesmas ameaças da crise climática”, declarou.

Até crianças participar­am do ato ontem. Uma turma de cerca de 40 jovens entre 12 e 14 anos da George Jackson Academy era acompanhad­a por dois professore­s que entoavam: “Say it louder!” (“Fale mais alto”). E os meninos respondiam: “Solar power!” (“Energia solar”).

Enquanto todos gritavam, um bebê de 10 meses engatinhav­a sobre os cartazes. “Protesto por ele, porque talvez quando ele já possa protestar por si mesmo seja tarde demais”, explicou o professor Peter Wright, pai do pequeno Ellis. *VIAJOU A CONVITE DA ORGANIZAÇíO NO PEACE WITHOUT JUSTICE.

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Na Paulista, foco foi para Amazônia
NILTON FUKUDA/ESTADÃO 1. 1. SP. Na Paulista, foco foi para Amazônia
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3. Londres. Ruas lotadas
BEN STANSALL / AFP 3. 3. Londres. Ruas lotadas
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2. Greta. Sueca virou referência
JOHANNES EISELE / AFP 2. 2. Greta. Sueca virou referência
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4. Berlim. Ato ocupou cartão postal
HAYOUNG JEON/EFE 4. 4. Berlim. Ato ocupou cartão postal

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