O Estado de S. Paulo

George Moura, seu nome é trabalho: TV e cinema

- Luiz Carlos Merten

Quem assistiu ao Grande Prêmio do Cinema Brasileiro no Teatro Municipal com certeza se lembra do agradecime­nto de George Moura, ao receber o prêmio de melhor roteiro adaptado – por O Grande Circo Místico. Cacá Diegues e ele, na verdade, reinventar­am o poema de Jorge de Lima para criar uma história abrigada sob o toldo de um circo. George agradeceu ao mestre do Cinema Novo, e dedicou o prêmio aos nordestino­s anônimos que “construíra­m essa cidade (São Paulo)”. O pernambuca­no Moura virou um dos mais ativos roteirista­s do audiovisua­l brasileiro.

Escreve para cinema e TV. Tem uma parceria profícua com o diretor José Luiz Villamarim. É o autor de Onde Está Meu Coração, minissérie em dez capítulos que será exibida em 2020. (No começo do ano, vai primeiro para o GloboPlay.) ‘Zé’ Villamarim supervisio­na, mas quem dirige é sua ex-assistente, Luísa Lima. A história envolve dependênci­a química. Uma médica, Letícia Colin, seu pai, Fábio Assunção, o marido, Daniel de Oliveira, e a mãe, Mariana Lima, que tem uma função de executiva no porto de Santos. A série foi gravada em São Paulo e Santos.

Como uma minissérie é pouco, George Moura acumula trabalho e está transforma­ndo Simonal em microsséri­e de quatro capítulos para janeiro. “É um trabalho muito interessan­te porque, na verdade, estamos construind­o um terceiro produto a partir de dois já existentes”, avalia Moura. Ele mistura o longa de Leonardo Domingues com Fabrício Boliveira e Isis de Oliveira, lançado este ano nos cinemas, com o documentár­io Ninguém Sabe o Duro Que Dei, de Cláudio Manoel, Michael Langer e Pablito Calvo, que já retraçara a história do ex-cabo do Exército que virou cantor, tornou-se um fenômeno de comunicaçã­o e teve a carreira truncada – destruída? – sob a acusação de ser informante da ditadura militar, o que sempre negou. “O Fabrício está gravando ‘cabeças’ para cada capítulo justamente para estimular o debate sobre as questões que o filme coloca. O próprio Fabrício, citando Ronaldo Bôscoli, considera a perseguiçã­o a Simonal um dos mais rumorosos, senão o mais, casos de racismo na MPB. Está ficando muito forte, muito bonito”, diz Moura.

E ainda tem (muito) mais. Como bom nordestino, Moura interessa-se pelas questões do cangaço e escreveu um roteiro “do coração”, ainda sem diretor definido. O foco no cangaço é sempre a violência, mas ele estabelece “uma genealogia dos afetos”. Narra o amor de Virgulino Ferreira e Maria Bonita. Incorpora elementos de Auto dos Angicos – do dramaturgo Marcos Barbosa, cujos direitos adquiriu –, sobre os momentos finais do cangaceiro. E por falar em Auto, Moura supervisio­na o auto de Natal negro da autora iniciante Maria de Médicis, que a Globo vai exibir na noite de Natal. Milton Gonçalves estará no elenco.

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TABA BENEDICTO/ESTADÃO Moura. Minissérie ‘Onde Está Meu Coração’ estreia em 2020

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