‘Me dá pena pelo Brasil’, afirma Bachelet sobre fala de Bolsonaro
Comissária para Direitos Humanos da ONU diz a TV chilena ver ‘redução do espaço cívico e democrático’ no País
Alvo de crítica recente do presidente Jair Bolsonaro, a comissária para Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), Michelle Bachelet, ex-presidente do Chile, disse sentir “pena pelo Brasil”.
A declaração foi feita em uma entrevista para uma emissora de TV local, conforme reportou a agência de notícias Reuters. A fala remete ao ataque feito por Bolsonaro contra Bachelet e seu pai, Alberto Bachelet, torturado e morto durante a ditadura de Augusto Pinochet.
“Então se alguém diz que em seu país nunca houve ditadura, que lá nunca houve tortura... Bem, então deixe ele dizer que a morte do meu pai por tortura garantiu que o Chile não se transformasse em uma Cuba. A verdade é que eu sinto pena pelo Brasil”, afirmou a ex-presidente do Chile em entrevista à TVN.
No início do mês, Bolsonaro acusou Bachelet de se “intrometer” em assuntos do Brasil, após ela levantar preocupações sobre o salto no número de mortes provocadas pela polícia do Rio de Janeiro.
Nas redes sociais, o presidente brasileiro afirmou que o golpe militar que derrubou o presidente chileno Salvador Allende em 1973 “deu um basta” à esquerda no país, “entre esses comunistas o seu pai (Alberto Bachelet), brigadeiro à época”.
‘Restrições’. Na entrevista, Bachelet também disse ter observado (no Brasil) “uma redução do espaço cívico e democrático, caracterizado por ataques contra defensores dos direitos humanos” e “restrições impostas ao trabalho da sociedade civil”.
Na ocasião, a fala de Bolsonaro provocou rechaço de setores de esquerda e direita no Chile.
Ao Estado, o chanceler chileno, Teodoro Ribera, disse que Bachelet merece respeito mesmo estando em um campo ideológico oposto ao dele, e lembrou que, no Chile, há uma grande unidade sobre a questão dos direitos humanos.