O Estado de S. Paulo

Para Salles, críticas são ‘desinforma­ção’

Às vésperas da Assembleia-Geral da ONU, ministro do Meio Ambiente fala em ‘desmistifi­car’ visão internacio­nal sobre governo Bolsonaro

- Giovana Girardi Paulo Beraldo Beatriz Bulla ENVIADOS ESPECIAIS / NOVA YORK * OS REPÓRTERES PAULO BERALDO E GIOVANA GIRARDI VIAJARAM A CONVITE DA ONU E DA ORGANIZAÇíO NO PEACE WITHOUT JUSTICE, RESPECTIVA­MENTE.

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, afirmou que o Brasil quer “desmistifi­car” para a comunidade internacio­nal, durante a Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU), que houve uma flexibiliz­ação da legislação ambiental durante o governo Bolsonaro. Segundo ele, é preciso esclarecer a situação da Amazônia e exaltar as oportunida­des de investimen­to no País.

“(Queremos) Desmistifi­car essa falsa ideia de que houve um desmonte do sistema ambiental, de que houve flexibiliz­ação da legislação ou da fiscalizaç­ão, de que o Brasil não se importa com meio ambiente. Não é verdade. Temos que esclarecer tudo isso para que essas mentiras ou desinforma­ções não continuem a ser repetidas”, disse o ministro, que recebeu o Estado em um café no hotel onde está hospedado em Nova York.

A presença do ministro coincide com a greve do clima, que mobilizou milhares de jovens em 130 países na sexta-feira, e permeia a Cúpula do Clima, que acontece hoje, e a Assembleia­Geral das Nações Unidas, que será aberta amanhã com discurso do presidente Jair Bolsonaro.

Ontem, um grupo de empresário­s brasileiro­s e organizaçõ­es não governamen­tais promoveram em Nova York um evento no qual lançaram um desafio para construir o que chamam de “Amazônia Possível”. O evento, voltado para pedir que o setor empresaria­l se comprometa a combater crimes ambientais em suas cadeias – a fim de conter o desmatamen­to na Amazônia – teve a presença de Salles. O ministro pediu para participar da discussão.

A presença do governo federal não estava prevista, mas Salles pediu para participar. Por uma hora e meia, escutou e tomou notas do que disseram pessoas como o empresário Guilherme Leal, cofundador da Natura e integrante do Conselho do Pacto Global da ONU, Marcello Brito, presidente da Associação Brasileira do Agronegóci­o (Abag), e o cientista Carlos Nobre, da USP.

‘Monalisa’. Ao final do evento, Sallesf oi convidado ase pronunciar. André Guimarães, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia e facilitado­r da Coalizão Brasil Clima Florestas e Agricultur­a, que mediou o diálogo, pediu mensagens “inspirador­as” do ministro. Salles lembrou declaraçõe­s dos participan­tes, mas não chegou ase compromete­r com soluções.

“Vamos salvara Monalisa como faz ermais, melhor ”, disse em referência a uma fala de Denise Hills, diretora de Sustentabi­lidade da Natura. Ela afirmou que o País está “queimando” sua “Monalisa”, ao dizer que a Amazônia é o tesouro do Brasil. O ministro também disse que a chave é conseguir ambas as coisas: proteção do ambiente com desenvolvi­mento.

Durante sua manifestaç­ão, alguns participan­tes chegaram a sair da sala em protesto e dois jovens da organizaçã­o Engajamund­o fizeram uma manifestaç­ão silenciosa com máscaras no rosto que diziam: “Salles, ecocida”.

Salles disse ao Estado que se tivesse espaço, gostaria de poder falar na Cúpula do Clima da ONU. O programa não inclui o Brasil entre os países que terão direito a discursar. A cúpula foi convocada pelo secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, para que os países sejam mais ambiciosos nos projetos de preservaçã­o.

O presidente Jair Bolsonaro desembarca na segunda-feira às 16h40 (horário de Brasília) em Nova York. Até o momento, a agenda do presidente está limitada à realização do discurso, marcado para as 10h de amanhã. A indígena Ysani Kalapalo, moradora de uma aldeia no Parque Indígena do Xingu, no Mato Grosso, irá acompanhar a comitiva brasileira. Ela foi convidada pelo presidente para viajar com a comitiva do governo aos EUA.

De acordo com o Itamaraty, ainda não está na agenda oficial um jantar com o presidente americano, Donald Trump, anunciado por Bolsonaro. O americano receberá chefes de Estado em um jantar na noite de segunda-feira.

O presidente brasileiro ainda se recupera de uma cirurgia feita no último dia 9. A equipe médica do Planalto acompanhar­á Bolsonaro na viagem.

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CRAIG RUTTLE/AP Clima. Grades de segurança são posicionad­as em frente a ONU, em Nova York; hoje será realizada a Cúpula do Clima e, amanhã, a Assembleia-Geral
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Portal. O que é e para que serve a ONU estadao.com.br/e/pordentrod­aonu

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