O Estado de S. Paulo

Empáfia de quem se considera invencível

- Philip Rucker, Robert Costa e Rachael Bade / W. POST

Quando o depoimento do procurador especial Robert Mueller enterrou em 24 de julho a esperança democrata de um impeachmen­t, o presidente americano, Donald Trump, disse não haver conluio e pediu reparação das acusações de que ele tinha conspirado com a Rússia para vencer a eleição. No dia seguinte, Trump possivelme­nte agiu em conluio com outro país nas eleições de 2020, pressionan­do o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, para descobrir informaçõe­s contra o ex-vice-presidente Joe Biden.

A pressão de Trump e de seu advogado pessoal Rudy Giuliani para influencia­r o líder ucraniano revela um presidente convencido de que é invencível. Aparenteme­nte, ele não estava só disposto, mas ansioso para usar o vasto poder dos EUA para prejudicar um adversário político, confiante de que ninguém irá impedi-lo.

Enquanto a investigaç­ão de Mueller não colocou Trump diretament­e envolvido nas atitudes russas para prejudicar a eleição de 2016, o presidente foi um participan­te ativo do episódio ucraniano, que veio a público após uma denúncia anônima de um funcionári­o de inteligênc­ia do governo americano.

O escrutínio em torno do telefonema trouxe novos riscos para a presidênci­a de Trump e pode levar alguns deputados na Câmara a abrir procedimen­tos de impeachmen­t contra o republican­o.

A frustração dos democratas com sua inabilidad­e em controlar Trump e sua conduta está começando a aumentar. Muitos dizem que o sistema de freios e contrapeso­s não tem funcionado, e mesmo as cortes não tomam decisões acertadas. O sentimento de Trump de estar acima da lei é reforçado pelo tempo de mandato. Ele tentou se livrar da investigaç­ão da Rússia sem enfrentar as consequênc­ias. Usou o governo para lucrar com seus negócios e bloqueou a habilidade do Congresso de supervisio­ná-lo, também sem consequênc­ia.

Agora ele supostamen­te usou dinheiro público e a força militar americana para extorquir um governo estrangeir­o e forçá-lo a investigar um opositor político. Não está claro quais consequênc­ias ele enfrentará, nem se isso de fato vai ocorrer.

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