A ciência a favor do cidadão
Programa Cientista Chefe, do Governo do Ceará, reúne pesquisadores para desenvolver inovação no setor público
AFundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap) tem colhido bons resultados após investir na parceria entre o meio acadêmico e a gestão pública. Por meio do Programa Cientista Chefe, equipes de pesquisadores atuam em secretarias e órgãos estratégicos do governo do estado para, assim, trazer soluções científicas e tecnológicas que vão aprimorar serviços e proporcionar mais qualidade de vida à população.
Cada equipe é coordenada por um cientista, definido segundo critérios como produção e ligação com núcleos de pesquisa de alto nível, de acordo com a classificação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Segundo a Funcap, o programa é inspirado em modelos internacionais. Nos Estados Unidos, por exemplo, ministérios e outros departamentos governamentais contam com o Office of Chief Scientist (escritório do cientista-chefe, em tradução livre). O escritório tem o papel de fornecer contribuições científicas, além de estabelecer vínculos entre governo, universidade e indústria.
Na versão cearense, o programa encara desafios locais. Um deles é o de tornar mais efetivo o papel da pesquisa universitária, incentivando projetos que estejam a serviço dos cidadãos.
Para a Funcap, o principal atrativo é integrar todo o sistema de formação e investimento em educação e tecnologia do estado. Atualmente, há 172 cursos de pós-graduação das mais diferentes áreas, sendo 52 programas de doutorado. Com o Programa Cientista Chefe, todas as informações e experiências acumuladas nessas instituições trarão inovação ao serviço público.
Com apoio do governador e dos secretários estaduais, o programa elegeu as áreas prioritárias, como segurança pública, educação, saúde, análise de dados e energias renováveis. Depois, foi feita a distribuição de verba de acordo com os projetos especificados para cada equipe científica.
Entre março e dezembro de 2018, o Programa Cientista Chefe recebeu aproximadamente R$ 8,6 milhões em investimentos vindos da Funcap e dos órgãos da administração estadual. Para 2019, a expectativa é de aplicação de um montante de quase R$ 13 milhões.
Áreas beneficiadas
Uma das características do Cientista Chefe é que os pesquisadores monitoram vários projetos simultaneamente. Além disso, as pesquisas são integradas com cooperações vindas de instituições nacionais e internacionais.
Outra particularidade do programa é a exigência de que os pesquisadores não se afastem da universidade e sigam com suas carreiras de forma competitiva e fazendo publicações. Tudo isso para que os cientistas se mantenham em contato com o ambiente acadêmico, onde poderão acompanhar cotidianamente a evolução das áreas nas quais estão inseridos e se mantenham atualizados.
De acordo com a Funcap, pesquisadores seniores que atuam no programa estarão próximos das necessidades públicas, pensando em soluções e realizando pesquisa aplicada sem perder o caráter inovador das universidades. Com isso, as equipes conseguem trabalhar com alguns projetos totalmente transformadores.
Entre os exemplos de sucesso está o projeto ligado à Secretaria de Segurança Pública, que fez a taxa de homicídios no Ceará cair 53% entre 2018 e 2019. O êxito aconteceu graças a instrumentos de reconhecimento facial e digital, além do investimento no monitoramento e análise de dados das áreas de maior periculosidade, que acabaram trazendo mais inteligência para a polícia, diz a Funcap.
A recuperação de carros roubados também foi aprimorada graças ao sistema. Foram investidos cerca de R$ 7,5 milhões no projeto, mas ele acabou poupando para o governo cerca de R$ 300 milhões em equipamentos, tempo de desenvolvimento e de homens nas ruas captando informações. Segundo a Funcap, o Cientista Chefe será também a referência para o programa federal de segurança pública e combate à criminalidade.