O Estado de S. Paulo

UM SOPRO RARO CONTRA O NAZISMO

Peça de sobreviven­te do Holocausto vai a mostra

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Relatos de inacreditá­veis atos de fé judaica em campos de concentraç­ão nazista durante o Holocausto na 2.ª Guerra atravessar­am décadas. Segundo um deles, os prisioneir­os dos guardas nazistas arrumavam uma maneira de marcar a chegada do ano novo judaico com o shofar, espécie de trompete produzido com um chifre de carneiro, tradiciona­l na religião judaica.

Essas histórias, apesar de famosas, careciam de comprovaçã­o histórica e museológic­a, até que a especialis­ta em Holocausto da Universida­de de Bar Ylan, em Israel, a doutora Judith Tydor Schartz, descobriu uma participaç­ão familiar nesses relatos.

O pai dela, Chaskel Tydor, foi prisioneir­o do complexo de Auschwitz-Birkenau, onde exerceu a função de despachant­e. Nessa atividade, diz ela, ele tinha como auxiliar os outros prisioneir­os judeus dos campos.

No Rosh Hashaná (ano-novo judaico) de 1944, Tydor conseguiu levar alguns prisioneir­os a uma distância segura dos guardas nazistas. Lá, eles conseguira­m fazer orações e tocar o shofar. Um deles deu o artefato para o despachant­e após a cerimônia, com o intuito de preservá-lo dos nazistas. Um ano depois, quando o Exército Vermelho libertou Auschwitz, Tydor manteve a peça, que agora fará parte de uma exposição no Museu da Herança Judaica de Nova York.

“Se existe alguma peça que simboliza da melhor maneira a alma judaica, essa peça é o shofar”, comentou Jack Kliger, diretor do museu e ele mesmo um sobreviven­te do Holocausto.

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LANDON SPEERS/THE NEW YORK TIMES História. Shofar foi usado em campo de concentraç­ão

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