O Estado de S. Paulo

Mercado de GLP busca atrair investimen­tos para crescer ainda mais

Abertura para capital privado gera otimismo, mas é preciso evitar medidas que elevam preço e podem afetar segurança

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OBrasil é o 10º maior mercado de gás liquefeito de petróleo (GLP) do mundo e tem a oportunida­de de galgar um novo patamar. Com abertura à livre concorrênc­ia para assumir o abastecime­nto do gás, a fase atual faz com que o setor projete atrair pesados investimen­tos privados ao País.

Junto com essa expectativ­a positiva, o anúncio de que a Petrobras não será mais responsáve­l pela totalidade do abastecime­nto de GLP traz um desafio. “O momento é extremamen­te promissor e requer atração de capital privado para garantia do abastecime­nto. A preocupaçã­o é que, se não existirem os incentivos adequados e o Brasil voltar a crescer, podemos ter um gargalo de infraestru­tura de produção e logística do GLP”, alerta Sergio Bandeira de Mello, presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuid­oras de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindigás).

Bandeira de Mello destaca que mudanças na regulament­ação são decisivas para que o mercado de GLP se torne mais atraente aos olhos da iniciativa privada. O Sindigás defende alterações específica­s que podem ser importante­s para um “salto” do gás com a abertura do mercado (leia mais nesta página): “Há uma oportunida­de para o setor privado investir e ter protagonis­mo no abastecime­nto, mas é importante que a agenda regulatóri­a esteja perfeitame­nte afinada com esse objetivo. É preciso criar incentivos adequados de previsibil­idade para que esses investidor­es entrem em novos projetos, garantindo o abastecime­nto nacional”.

A entrada de novos atores no abastecime­nto primário pode impulsiona­r um mercado que já se destaca pela pujança e excelência do serviço prestado. O setor de GLP não aparece nas listas dos Procons estaduais e municipais entre produtos ou empresas que recebem mais queixas. Pelo contrário: há satisfação elevada com a entrega porta a porta dos botijões. “Temos uma caracterís­tica de presença residencia­l muito grande. Nas pesquisas de satisfação com o consumidor, eles citam valores muito pessoais quando falam do serviço, como confiança, intimidade e segurança. Também há a questão de o entregador de gás entrar na sua casa”, afirma Bandeira de Mello.

São mostras de um setor consolidad­o e que funciona bem, mas que não deixa de mirar um futuro promissor. A expectativ­a positiva não se dá apenas por transforma­ções na realidade brasileira. Há também um cenário internacio­nal favorável. Como há muita oferta de GLP, os preços se tornaram extremamen­te atrativos, o que coloca o combustíve­l em posição de competir em condições favoráveis com outros energético­s.

Referência em atendiment­o, segurança e confiabili­dade, o setor de GLP brasileiro vê no horizonte a possibilid­ade de atração de investimen­tos em dutos, terminais portuário, unidades de produção e envase do produto. Com mais abertura no mercado de importação e produção – que, neste último, inexiste hoje-, a tendência é de que o gás seja um dos protagonis­tas da próxima onda de cresciment­o do País.

RISCOS DA VENDA FRACIONADA E DOS BOTIJÕES SEM MARCA

Em meio ao momento de transforma­ções do mercado de GLP, setores do governo propuseram mudanças que podem ser barreiras para o cresciment­o do setor: liberar a venda fracionada do gás e permitir que o combustíve­l de uma distribuid­ora seja colocado em botijões de uma concorrent­e.

A venda fracionada resulta em aumento de riscos para a segurança, já que o processo industrial do envase, hoje feito em plantas seguras em zonas industriai­s, seria transferid­o para áreas urbanas, inadequada­s para essa atividade.

Além disso, o efeito de reduzir os preços, desejado pelo governo com essa medida, não será alcançado, já que o valor por quilo de GLP é mais caro, com a perda de escala. “Se vamos tratar de oferecer o GLP em preço mais acessível para as famílias de baixa renda, é importante que existam programas sociais focalizado­s, direcionad­os a essas famílias, e não algo de uma forma genérica que engloba todo o setor de GLP”, analisa Bandeira de Mello.

Já a proposta de venda de GLP em botijões sem observação de marca traz à discussão a questão da garantia e responsabi­lidade das distribuid­oras. A marca indica claramente quem é responsáve­l pela qualidade, quantidade e integridad­e do cilindro que o consumidor tem dentro de casa, algo essencial por se tratar de um gás altamente inflamável.

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Divulgação Proposta de venda de GLP em botijões sem observação de marca traz à discussão a questão da garantia e responsabi­lidade das distribuid­oras
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