Em autobiografia, Demi Moore revela tudo
a definir os anos 1980 e 90. Também não era a deusa estilizada, cultuada em capas de revistas, ou o enigma que se trancou em casa, por vontade própria, resistindo a todas as tentativas de revelar a autêntica pessoa por trás dos fortes papéis que fazia no cinema. Usando uma camiseta de mangas longas, botinhas mocassim e óculos de grau de lentes fotocromáticas, Moore sentou-se de pernas cruzadas no chão de seu quarto naquela manhã de final de agosto, e me contou a história de sua vida.
Ela já fez isso no livro de memórias Inside Out, que será lançado pela Harper nesta terça, 24. O livro é uma honesta narrativa pessoal na qual Moore não apenas dá os detalhes que marcaram a parte mais visível de sua história – a carreira em Hollywood e seus casamentos com os atores Bruce Willis e Ashton Kutcher –, mas partes da vida que ela antes tentou proteger, incluindo a confusa infância que precedeu sua agitada ascensão no show business e um (mais recente) abuso de drogas que quase separou sua família. “Se você levar consigo toda a vergonha e traumas não resolvidos, não há dinheiro, sucesso ou fama que preencham”.
Com a proximidade do lançamento de Inside Out, Moore disse estar ansiosa para, aos 56 anos, deixar finalmente seu público vê-la como ela vê a si mesma, sem barreiras ou artifícios. “É excitante e ao mesmo tempo me deixa muito vulnerável”, diz. “Não há dublê ou outra pessoa me interpretando.”
Ela disse que escrever o livro de memórias é parte de um processo maior de redescoberta. Se o desafio for também uma tentativa de obter mais papéis ou de voltar aos holofotes, que seja. “Mas é mais um despertar que um retorno”, afirma. “Eu sou apenas o instrumento.”
Em Inside Out, Moore conta que sua formação ocorreu em meio a mudanças constantes de casa, com paradas no Novo México, Pensilvânia, Ohio e Washington, até sua família se estabelecer na Califórnia. O pai, Danny Guynes, encarregou-a de vigiar a mãe, Ginny, para impedir que ela cometesse suicídio. Quando os pais se separaram, Demi descobriu que Danny não era seu pai biológico.
Ela conta que foi estuprada aos 15 anos e saiu da casa da mãe para viver com um guitarrista antes de completar 16 anos. Dois anos depois, casou-se com o músico Freddy Moore, uma união que logo desabou por causa da infidelidade de Moore.
Sua carreira, enquanto isso, deslanchava, com a série General Hospital e filmes como Feitiço do Rio. Em seus primeiros papéis, ela frequentemente tinha de aparecer sem roupa. Agora admite que seu confuso desejo e sexualidade contribuíam para isso. “Meu valor estava ligado a meu corpo”, disse ela, que passou a abusar de álcool e cocaína./