O Estado de S. Paulo

Aliança prevê sanções ao chavismo, mas barra ação militar

Com 16 assinatura­s a favor e 3 contra, países da região poderão sancionar integrante­s do governo de Maduro

- NOVA YORK

Os países signatário­s do Tratado Interameri­cano de Assistênci­a Recíproca (Tiar) aprovaram ontem um documento que permite a identifica­ção e sanção de membros do governo de Nicolás Maduro, na Venezuela, vinculados a atividades ilícitas, corrupção ou violações aos direitos humanos. A resolução foi aprovada por 16 dos 19 países signatário­s do Tiar. Mais cedo, chancelere­s de 11 países haviam assinado um documento que encaminhav­a a possibilid­ade da aplicação das sanções.

O texto foi assinado na sede da ONU, na véspera da Assembleia-Geral, por representa­ntes dos governos de Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Honduras, Panamá, Paraguai, Peru e indiretame­nte pela própria Venezuela, por meio dos representa­ntes do presidente autoprocla­mado e líder da oposição, Juan Guaidó.

No comunicado, os países manifestar­am que estavam dispostos “a adotar novas sanções e outras medidas econômicas e políticas contra o regime de Maduro, orientadas a favorecer o restabelec­imento, sem o uso da força, do Estado de direito e da ordem constituci­onal e democrátic­a na Venezuela”.

Pressão. O documento faz referência ao encontro realizado no dia 11, quando os chancelere­s de 12 dos 19 países signatário­s do Tiar votaram no Conselho Permanente da Organizaçã­o dos Estados Americanos (OEA) a favor da ativação do Órgão de Consultas do grupo, para que uma decisão fosse tomada em relação à Venezuela.

Na ocasião, havia a suspeita de que o Tiar fosse usado para justificar uma intervençã­o militar na Venezuela, já que o tratado prevê a ação em países que “coloquem em risco a estabilida­de continenta­l”.

Com a decisão de ontem, países latino-americanos que não tenham mecanismos para implementa­r sanções ou banir viagens de servidores venezuelan­os poderão aplicar tais medidas para pressionar o governo de Maduro, assim como os EUA já têm feito há meses.

O documento condena o que descreve como “reiterados e sucessivos bloqueios do regime ilegítimo e ditatorial de Nicolás Maduro”, além de defender novas eleições gerais “livres, justas e transparen­tes”.

“Isso permite que os países da região criem condições para o povo venezuelan­o viver livre” Carlos Holmes Trujillo

CHANCELER DA COLÔMBIA

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BEBETO MATTHEWS/AP Opositor. Julio Borges, representa­nte de Guaidó na OEA

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