O Estado de S. Paulo

Senadores articulam PEC para instituir mandato no Supremo

Batizado de ‘Muda Senado’, grupo já tentou emplacar investigaç­ão sobre atuação de ministros do STF

- Daniel Weterman / BRASÍLIA

Depois da tentativa de criar uma Comissão Parlamenta­r de Inquérito (CPI) para investigar integrante­s do Supremo Tribunal Federal (STF), um grupo de 21 senadores prepara nova investida contra a Corte. Trata-se de Proposta de Emenda à Constituiç­ão (PEC) que estabelece prazo para mandato dos ministros do STF – de oito a dez anos –, sem a possibilid­ade de recondução, além de mudar os critérios de escolha de seus integrante­s.

Atualmente, os ministros podem exercer o cargo até 75 anos, quando têm aposentado­ria compulsóri­a. A proposta a ser apresentad­a também mexe no processo de escolha dos 11 ministros da Corte. Pelas regras atuais, a indicação cabe ao presidente da República, que deve escolher um nome com “reputação ilibada e notável saber jurídico”. O indicado também precisa passar pela aprovação do Senado. O critério, na interpreta­ção de senadores, é genérico.

Até o fim do seu mandato, em 2022, o presidente Jair Bolsonaro terá direito de nomear dois ministros em seu mandato. O primeiro será na vaga do decano do Supremo, Celso de Mello, que se aposenta em novembro do ano que vem.

“Queremos uma pauta propositiv­a, que moralize e faça um regramento do Supremo. No nosso entender, está totalmente um ponto fora da curva no País”, disse o senador Eduardo Girão (Podemos-RS). Para ele, o STF não está “ouvindo” a população. “O único lugar onde não pode faltar justiça é no Supremo. O Supremo não é investigad­o e se coloca acima dos outros Poderes”, criticou.

A ideia da PEC partiu do grupo batizado como “Muda Senado”, que se contrapõe ao presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Entre os integrante­s desse grupo, estão oito filiados ao Podemos. Há também senadores do PSD e PP. Dois senadores do PSL, partido de Bolsonaro, compõem o time: Major Olímpio (SP) e Soraya Thronicke (MS). O senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente, é um dos que discordam do grupo e, recentemen­te, se movimentou para fazer com que colegas retirassem as assinatura­s do pedido de abertura da CPI da Lava Toga.

Pelo menos outras três propostas para instituir mandatos no STF já tramitam na Comissão de Constituiç­ão e Justiça (CCJ) do Senado. Os textos dependem de um parecer do senador Antonio Anastasia (PSDBMG) e não há previsão para que o tema seja pautado no colegiado. Em março, o senador Plínio Valério (PSDB-AM), que faz parte do “Muda Senado”, também apresentou projeto propondo que os próximos ministros escolhidos para compor o STF tenham mandatos de oito anos, sem direito à recondução.

A justificat­iva para apresentar uma nova PEC, agora, é justamente incluir na discussão os critérios para escolha e emplacar proposta com a marca do grupo.

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ROQUE DE SÁ/AGÊNCIA SENADO - 14/2/2019 Apoio. Eduardo Girão é um dos defensores da nova PEC

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