O Estado de S. Paulo

Netanyahu inicia diálogo com rival em Israel

Negociação sobre governo conjunto esbarra em quem ocuparia cargo de premiê primeiro

- JERUSALÉM

“O povo votou por mudança. Não vamos abrir mão do nosso direito de liderar a coalizão” Benny Gantz

CANDIDATO OPOSITOR

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, e seu principal opositor, o exgeneral Benny Gantz, iniciaram ontem negociaçõe­s para formar entre eles um governo de coalizão em Israel. A iniciativa partiu do presidente israelense, Reuven Rivlin, que tenta romper o impasse estabeleci­do pelo resultado inconclusi­vo da eleição da semana passada.

Após a reunião, Rivlin declarou que Gantz e Netanyahu “deram passos significan­tes” na direção de uma coalizão. Os dois devem voltar a se encontrar amanhã. Assessores dos dois líderes dizem que o plano seria formar um governo compartilh­ado. O precedente seria a coalizão entre o trabalhist­a Shimon Peres e o conservado­r Yitzhak Shamir, do Likud – entre 1984 e 1988, cada um chefiou o governo por dois anos alternados.

A principal divergênci­a agora seria quem ficaria primeiro à frente do governo. O partido de Gantz, o Azul e Branco, terminou a eleição com 33 deputados, dois a mais do que o Likud, de Netanyahu, que ficou com 31 – de um total de 120 lugares no Parlamento. Juntos, portanto, os dois rivais obteriam maioria sem precisar de partidos menores.

“Estou comprometi­do com aquilo que prometi” Binyamin Netanyahu

PREMIÊ DE ISRAEL

A vantagem de dois deputados de Gantz se desfaz quando computados os dois blocos do Parlamento O grupo que apoia Netanyahu é maior. A coalizão de direita do atual premiê teria recebido apoio de 55 deputados. A centro-esquerda, de Gantz, chegou a ter 57 votos, incluindo os 13 da Lista Árabe, que havia decidido apoiá-lo. Ontem, porém, três deputados árabes esclarecer­am que não apoiariam o ex-general, tirando da oposição a vantagem.

Divergênci­as. Apesar da imagem simbólica de Gantz e Netanyahu apertando as mãos e do otimismo de Rivlin, estrategis­tas e líderes dos dois partidos demonstrar­am ontem que um acordo ainda está distante. Uma das promessas de campanha de Gantz era a de não governar com Netanyahu. “O povo votou por mudança. Não vamos abrir mão do nosso direito de liderar a coalizão”, disse Gantz.

Do outro lado, vários líderes do Likud, partido do premiê, mantiveram a promessa de governar com os ultraortod­oxos e de negociar em conjunto qualquer coalizão de governo. “Estou comprometi­do com aquilo que prometi”, disse Netanyahu após a reunião de ontem. O problema é que Gantz representa um grupo político secular que rejeita qualquer participaç­ão dos religiosos no governo.

Além disso, Netanyahu corre o risco de ser indiciado ainda este ano em três casos de corrupção, o que poderia inviabiliz­ar os três últimos anos de governo, caso o premiê seja condenado e preso. Outro nó a ser desatado é a rejeição de vários membros do Likud em trabalhar com Yair Lapid, número 2 do partido de Gantz.

Prazo final. Netanyahu e Gantz terão agora seis semanas para formar uma coalizão de governo. Se não conseguire­m, Rivlin pode escolher um dos dois para tentar negociar com os outros partidos – até que todas as opções se esgotem e uma nova eleição seja convocada. “Qualquer acordo entre Gantz e Netanyahu requer um nível de confiança mútua que eles não têm”, disse Gideon Rahat, analista do Israel Democracy Institute.

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HAIM ZACH/EFE Coalizão. Netanyahu (E), Rivlin (C) e Gantz (D): início das difíceis negociaçõe­s para formar um novo governo em Israel

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