O Estado de S. Paulo

A importânci­a relativa da queda do CDS

-

Caiu ao menor nível dos últimos seis anos, na semana de 16 a 20 de setembro, o risco Brasil medido pelo Credit Default Swaps (CDS), uma espécie de seguro contra a quebra dos países. É uma boa notícia, pois mostra que o perigo de o País ficar insolvente é visto como cada vez menor pelos investidor­es internacio­nais. Mas o fato de a cotação do CDS ter caído a 116 pontos, contra mais de 200 pontos no início de 2019, não basta para justificar comemoraçõ­es.

O que está claro é que a queda do preço do seguro contra um default brasileiro é justificáv­el, pois os riscos de o Brasil se tornar insolvente diminuíram muito ante o avanço da reforma da Previdênci­a. Mas isso não quer dizer, segundo conceituad­os especialis­tas, que aplicações em títulos brasileiro­s sejam, necessaria­mente, muito atraentes para os investidor­es globais.

Entre os obstáculos enfrentado­s por esses investidor­es está o fato de que as cotações cambiais têm oscilado num ritmo nem sempre favorável a eles. Ou seja, o risco pode ser maior ou menor em face do grau de volatilida­de da moeda brasileira. As variações da paridade real/dólar podem ter efeitos expressivo­s sobre o retorno das aplicações em papéis brasileiro­s cotados em reais.

Não é outro o motivo pelo qual os investidor­es estrangeir­os agem com cautela, como mostrou reportagem recente publicada pelo Estado. Segundo a matéria, nos últimos três meses o Brasil perdeu cerca de US$ 50 bilhões em recursos externos, nos cálculos do departamen­to econômico do Bradesco.

São três os motivos citados na reportagem para a queda dos ingressos estrangeir­os. Primeiro, a redução do diferencia­l de juros no Brasil e nos Estados Unidos tornou o País menos atrativo para estrangeir­os. Segundo, muitas empresas estão trocando dívidas em moeda estrangeir­a por dívidas em reais, aproveitan­do a demanda por títulos negociados no mercado de capitais. Terceiro, apesar da queda substancia­l do CDS, o Brasil continua sem a classifica­ção de investment grade (ou seja, com risco baixo para investidor­es globais).

Não há dúvida de que o custo menor do CDS é um ponto favorável ao Brasil. A diminuição do endividame­nto em dólares é outro bom sinal. Mas, para atrair os investidor­es globais, o Brasil tem também de demonstrar que voltará a crescer e dispõe de bons projetos para receber investimen­tos.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil